Levando em consideração os problemas diários que atingem as plantações, a presença das cigarrinhas nas plantações de milho podem significar grande impactos na produtividade e cultura do grão. Além o dano direto, a presença desses insetos podem potencializar a transmissão do patógeno. A estimativa é que, com a presença da cigarrinha no campo, o prejuízo na lavoura pode chegar em até 80% de perda.
De acordo com as informações passadas por Jerson Guedes, pesquisador e coordenador do laboratório de manejo integrado de pragas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFMS), “a cigarrinha produz o dano direto, que é a alimentação nos tecidos e nos vasos da planta e, portanto, extrai a seiva e reduz a produção de massa verde e, logo, de produção de milho“, explica o pesquisador.
Impactos da cigarrinha nas lavouras
A preocupação maior que o produtor deve ter não é com a queda na produtividade e sim com a potencial capacidade de transmissão do patógeno que esses insetos possuem. “O dano indireto, que é muitas vezes mais importante do que o próprio dano direto, é a capacidade do inseto de transmitir patógenos – geralmente bactérias e vírus que causam os enfezamentos do milho. Esses enfezamentos são causados por espiroplasmas e fitoplasmas que podem gerar perdas muito importantes na produtividade”, afirma Guedes.
O impacto na produção e o percentual de perda depende muito da forma como a praga atinge a plantação. Em casos onde os danos são diretos e indiretos, os prejuízos para o produtor rural podem ser ainda mais altos. Para analisar os níveis de propagação e o cenário em que a lavoura se encontra é necessário levar em consideração fatores como a época do ano em que a infestação acontece e a capacidade de transmissão das cigarrinhas.
Para combater a infestação de modo efetivo, Guedes afirma que deve-se intervir no contexto através da utilização de cultivares mais resistentes, tratamento de sementes e a pulverização de inseticidas de alto índice de eficiência. “Devemos estudar o histórico da área e considerar especialmente as plantas voluntárias que sobram e que acabam hospedando, fora de época, a cigarrinha e os patógenos”, sugere o pesquisador.
A utilização de métodos de semeadura também pode amenizar o problema com as cigarrinhas. “Semear o mais cedo possível e tentar não escalonar essas semeaduras no caso de segunda safra, para que se evite alternativas de sobrevivência do inseto”, destaca ele. Os avanços tecnológicos e a preocupação com a qualidade do grão traz para o agronegócio uma certa “obrigação” em manter a propriedade e lavoura protegida de pragas e problemáticas diárias.
Desta forma, Jerson Guedes destaca que “há muitos avanços recentes nos aspectos genéticos ou fitotécnicos com relação à nutrição, química e biológica, e isso conduz a uma elevação muito grande da produtividade nacional. Por outro lado, isso dá ao produtor uma responsabilidade de proteger ainda mais o milho. As médias nacionais alcançam em torno de 5,3 toneladas por hectare, mas os produtores mais qualificados produzem em torno de 9 t/ha. Esse cenário de altas produtividades exige níveis elevados de proteção ao investimento, reduzindo as perdas”.