A adoção da tecnologia das semente de alho livre de vírus aumentou a produção de algumas cultivares da hortaliça em até 150% no Brasil. O programa de pesquisa vem sendo desenvolvido pela Embrapa e parceiros há mais de 30 anos, focado em controlar as doenças causadas por vírus na cultura do alho por meio de técnicas de biotecnologia.
De acordo com a Embrapa Hortaliças (DF), foi adotada uma estratégia para aprimorar o protocolo de limpeza em laboratório, identificar as viroses, desenvolver os protocolos de classificação e avaliar como as plantas livres de vírus se comportariam no campo de produção comercial.
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Semente de alho livre de vírus
A semente de alho livre de vírus é uma tecnologia baseada em um processo de limpeza clonal, técnica de laboratório que prevê a multiplicação in vitro e uma série de testes para eliminar todos os vírus e outros microrganismos nocivos da planta.
A técnica de micropropagação em laboratório de regiões meristemáticas da planta, onde a presença de vírus é reduzida ou inexistente.
As plantas multiplicadas em limpeza laboratorial são cultivadas em uma tela especial à prova de insetos, voltada para ácaros e pulgões transmissores de vírus e outras doenças, que são parasitas intracelulares, que dificultam o uso de produtos químicos para o controle.
Este processo garante que as plantas de alho sejam saudáveis e que os bulbilhos de alho, usados como sementes, tenham resultados positivos.
O sistema de produção de sementes em telas antipulgas reduz o nível de infecção da planta, pois fica totalmente protegida contra ataques de vetores, garantindo a qualidade fisiológica e a produtividade da cultura para o próximo plantio.
Além disso, promove a melhoria da qualidade fitossanitária das sementes de alho, garante a uniformidade da germinação das sementes e aumenta o vigor das plantas.
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Crescimento da produtividade
Essa prática agrícola, que é recomendada pela Embrapa Hortaliças vem sendo adotada em pequenas e médias propriedades rurais da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Goiás.
Hoje, grandes produtores da região do Cerrado conseguem produzir até 25 toneladas por hectare (ha), bem maior que as 8 toneladas produzidas no fim dos anos 1990. Na safra de 2021/22, a produção brasileira de alho foi de 220 mil toneladas, em uma área plantada de 16 mil hectares, e com rendimento médio de 13.750 kg/ha.
A estimativa é que, pelo menos, 30% do aumento de produtividade na cadeia de produção de alho no Brasil seja devido à adoção dessa tecnologia pelos agricultores.
Segundo a Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), com a tecnologia foi possível diminuir a dependência do Brasil na importação de alho. Hoje, 70% do volume consumido no país são de lavouras brasileiras.