Um insumo biológico inovador, formulado a partir da combinação de diferentes microrganismos que promovem o crescimento vegetal, promete elevar a qualidade das pastagens brasileiras.
A tecnologia é fruto da cooperação entre a Embrapa Agrobiologia (RJ) e a empresa Agrocete, e deve chegar ao mercado em 2026.
Bioinsumo para pastagens brasileiras

Com aplicação versátil, o produto pode ser utilizado em diversos tipos de pastagem e sistemas produtivos, inclusive em áreas com gramíneas. Por seu perfil multifuncional, também apresenta potencial para recuperar solos degradados e diminuir a dependência de adubos químicos na atividade pecuária.
O inoculante reúne três tipos de bactérias. Entre elas estão o Bradyrhizobium, já consolidado em culturas como a soja, o Azospirillum, conhecido por sua capacidade de fixar nitrogênio do ar e estimular o desenvolvimento radicular de gramíneas e uma terceira cepa do gênero Nitrospirillum, que ainda está sendo validada, mas já apresentou resultados promissores em laboratório, com forte impacto na formação de raízes e na fixação biológica de nitrogênio.
“O diferencial desse produto é que vai atender tanto ao pecuarista que maneja as pastagens de modo tradicional, quanto àquele que pretende investir na mitigação de gases de efeito estufa por meio do uso do consórcio da gramínea com a leguminosa, ou mesmo ao produtor que investe na Integração Lavoura-Pecuária (ILP)”, afirma Bruno Alves, pesquisador da Embrapa Agrobiologia.
Jerri Zilli, também pesquisador da Embrapa e membro da equipe de desenvolvimento do insumo, explica que a proposta foi criar uma solução de aplicação ampla, voltada principalmente às leguminosas forrageiras usadas em sistemas consorciados.
Ainda que tenha sido pensado para áreas consorciadas, o produto pode ser vantajoso mesmo onde há apenas gramíneas. Sua formulação favorece o crescimento dessas espécies, trazendo benefícios diretos a pastagens monocultivadas, como as de braquiária.
Comercialização

A expectativa é que o novo bioinsumo esteja disponível comercialmente em 2026. Até lá, as equipes da Embrapa e da Agrocete continuarão conduzindo avaliações em campo para garantir a eficiência e a segurança do produto.
Atualmente, as pastagens ocupam cerca de 18,5% do território brasileiro, totalizando 159 milhões de hectares, dos quais aproximadamente 78% apresentam algum grau de degradação. Isso equivale a quase 100 milhões de hectares em condições inadequadas de uso.
Segundo dados do IBGE, mais de 15 milhões de pessoas trabalham no setor agropecuário no Brasil. A pecuária bovina responde por um terço desses empregos (4,7 milhões).
O país é hoje o segundo maior produtor de carne bovina do planeta e lidera as exportações globais, com 11 milhões de toneladas vendidas anualmente.