Neste verão, a cultura da soja tem enfrentado um desafio significativo devido ao déficit hídrico em várias regiões do Brasil.
As chuvas irregulares são típicas devido ao fenômeno La Niña, mas o manejo adequado pode ajudar a reduzir os impactos da estiagem nas lavouras.
Estiagem e a cultura da soja

De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS, as regiões mais impactadas pela seca estão no Centro-Oeste do estado, onde as lavouras de soja semeadas no início da temporada apresentam plantas pequenas, com desfolha acentuada e perdas irreversíveis.
Já as lavouras semeadas em dezembro estão em floração e início da formação das vagens, com folhas e ramos limitados. A expectativa é de baixa produtividade, já que muitas plantas estão com apenas 20 a 30 cm de altura, e 55% das lavouras se encontram na fase de enchimento de grãos.
O agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, observa que, desde janeiro, as chuvas têm sido irregulares e ele destaca a necessidade de adaptação dos produtores à variabilidade climática e a importância de adotar estratégias de manejo resilientes, além de considerar instrumentos de seguridade rural.
Dentre as estratégias para mitigar os impactos está o manejo do solo, irrigação e dentro outros cuidados essenciais.
Confira como realizar cada um:

Manejo do solo:
- Construir um perfil de solo adequado, com boa fertilidade química, física e biológica, seguindo os princípios do Sistema Plantio Direto. Solo sem restrições físicas ou químicas permite o desenvolvimento profundo do sistema radicular, o que ajuda a soja a acessar água em profundidade. Utilizar culturas de cobertura que favoreçam a formação de bioporos estáveis, como braquiárias, milheto e triticale, também auxilia na infiltração de água e no crescimento das raízes.
Escolha das cultivares:
- Optar por cultivares que se mostrem mais adaptadas à falta de água. Embora algumas variedades não tenham alto rendimento em solos férteis, elas podem ser mais produtivas em condições de seca, garantindo maior estabilidade na produção.
População de plantas:
- Manter a densidade de plantas conforme recomendado pelos obtentores das cultivares. Uma população muito baixa reduz a capacidade da soja de aproveitar a luz e os nutrientes, além de aumentar a evaporação da água do solo. Por outro lado, um excesso de plantas pode levar ao aumento da demanda por água durante a fase reprodutiva, comprometendo a produtividade.
Irrigação:
Para os produtores que possuem reservatórios de água, a irrigação pode ser uma solução eficaz. O Rio Grande do Sul, por exemplo, tem alto potencial produtivo quando irrigado, com a água sendo o principal fator limitante em muitos casos. O uso eficiente da irrigação, de acordo com boas práticas, pode ajudar a reduzir custos e aumentar a produtividade.
Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC):
A semeadura deve ser orientada pelo ZARC, uma ferramenta de gestão de riscos climáticos. O ZARC ajuda a identificar o melhor período de plantio em cada região, considerando as condições climáticas e os diferentes tipos de solo. Seguir essas orientações pode ajudar a minimizar perdas em anos de condições climáticas adversas.