A Embrapa apresentou ao mercado a BRS 54 Lumiar, uma nova variedade de uva branca sem sementes, desenvolvida especialmente para o Semiárido brasileiro.
Essa cultivar tem o potencial de reduzir pela metade os custos com mão de obra na região, oferecendo uma resposta eficaz aos principais desafios do setor, a elevada necessidade de trabalho manual no manejo dos cachos e a escassez de opções nacionais de uvas brancas sem sementes.
A novidade promete impulsionar o cultivo de uvas no país.
Uva branca sem sementes

Além da economia proporcionada no campo, a BRS Lumiar se destaca pelo conjunto de atributos sensoriais: bagas grandes e elípticas, textura ao mesmo tempo crocante e macia, alto teor de açúcares, baixa adstringência na casca e acidez equilibrada ao final do ciclo de maturação.
A nova cultivar é resultado do programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil”, conduzido pela Embrapa para atender às condições do Vale do Submédio São Francisco (VSF).
Um dos responsáveis pelo desenvolvimento da variedade, o pesquisador João Dimas Garcia Maia, destaca que a Lumiar atende a uma antiga demanda dos viticultores do semiárido por uma opção branca sem sementes.
Segundo ele, a redução da compactação dos cachos, obtida por meio do raleio, técnica que remove o excesso de frutos e melhora tanto a aparência quanto a qualidade da uva.
Em comparação às cultivares importadas, que exigem até 50% mais mão de obra para o manejo, a Lumiar se apresenta como uma alternativa mais econômica.
Outro diferencial importante é que, ao contrário das variedades estrangeiras que exigem o pagamento de royalties por quilo comercializado, as cultivares nacionais da Embrapa exigem apenas a aquisição das mudas, sem cobranças adicionais.
Para Adeliano Cargnin, chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho (RS), essa é uma conquista de grande impacto para o Vale do São Francisco. Ele destaca que a BRS Lumiar, por ser pública, pode ser adotada tanto por pequenos produtores e assentados quanto por grandes agricultores.
Características marcantes da uva

Segundo João Dimas, uma cultivar de uva de mesa precisa, além de atender ao paladar exigente do consumidor atual, apresentar características agronômicas relevantes, como boa produtividade, resistência a doenças, sabores diferenciados e menor necessidade de intervenções manuais no manejo dos cachos.
De acordo com os pesquisadores José Fernando Protas e Joelsio Lazzarotto, da equipe de socioeconomia da Embrapa, os custos com mão de obra nas cultivares tradicionais representam aproximadamente 35% do custo total de produção, excluindo a pós-colheita. Esse percentual inclui atividades como poda, raleio, aplicação de defensivos e colheita.
Embora também tenha sido testada em outras regiões produtoras, como a Serra Gaúcha, a recomendação atual de plantio da BRS 54 Lumiar é voltada ao Submédio São Francisco, conforme reforça o pesquisador Dimas.