Um grupo de cientistas brasileiros trabalhou no desenvolvimento e validação de um protocolo que irá permitir a monitoração de gases de efeito estufa (GEE) na agricultura brasileira.
A ação faz parte do Projeto Rural Sustentável II – Cerrado e envolveu o monitoramento de 20 Unidades Demonstrativas que já adotam tecnologias de baixo carbono localizadas em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde 11 apresentaram balanço de carbono negativo.
Efeito estufa na agricultura
Conforme o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Celso Manzatto, a pesquisa demonstra a eficácia do protocolo no aprimoramento da gestão agrícola e na promoção da sustentabilidade, permitindo que produtores rurais e cadeias do agronegócio monitorem e relatem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
O protocolo MRV integra diversas ferramentas, como o Sistema de Apoio à Caracterização de Imóveis Rurais (Sacir), AgroTag MRV, SatVeg e o GHG Protocol Agricultura e Pecuária.
Segundo Manzatto, o MRV foi desenvolvido para combinar informações de diferentes escalas e ferramentas já existentes, em consonância com recomendações internacionais.
Além disso, o protocolo inclui uma calculadora para balanço e inventário anual de emissões em propriedades rurais e sistemas produtivos variados, como culturas alimentares, fibrosas, bioenergéticas, pecuária confinada e sistemas agroflorestais.
Plataforma gratuita
A proposta é acessível e gratuita, podendo ser utilizada por produtores rurais, técnicos e agentes do agronegócio para avaliar suas fontes de emissão de GEE e demonstrar a sustentabilidade de sua produção.
Sendo assim, a adoção de tecnologias de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) é vista como uma estratégia que possibilita a abertura de novos mercados e a obtenção de melhores preços para os produtores que aderem a essas práticas.
Manzatto ainda destaca que além do uso no monitoramento das emissões e remoções de GEE, a abordagem pode ser utilizada pelos produtores rurais como uma ferramenta de gestão da propriedade, indicando os locais/processos/práticas que devam ser ajustadas, auxiliando o produtor na tomada de decisões visando a redução de suas emissões como estratégia de diferenciação de seus produtos ou mesmo para o mercado de carbono.
O sistema ainda pode ser adaptado para diferentes finalidades, desde a verificação de baixo custo de projetos financiados por instituições públicas até a customização para certificações privadas. O MRV também permite auditorias externas acessíveis, promovendo a expansão sustentável da produção agropecuária de baixo carbono no Brasil. A utilização de Sistemas de Produção Sustentáveis (SPS) e boas práticas agrícolas, aliada ao manejo adequado, viabiliza esse avanço.
Ladislau Skorupa, também pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, ressalta que o grande desafio para a descarbonização da agricultura é o monitoramento eficaz das emissões de GEE. Nesse contexto, o protocolo MRV surge como uma ferramenta importante, possibilitando que as informações relatadas sobre as emissões e sequestro de carbono associadas a práticas sustentáveis na propriedade rural possam ser auditadas.
Atualmente, a agropecuária é responsável por uma parte significativa das emissões de GEE no Brasil, contribuindo para as mudanças climáticas. Diante dessa realidade, a transição para uma agricultura de baixa emissão de carbono é crucial, apoiada por tecnologias que ajudem a mitigar os efeitos negativos dessas emissões.
Portando, a equipe responsável pelo projeto é composta por especialistas da Embrapa, Fundação Getúlio Vargas e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, consolidando uma abordagem multidisciplinar e inovadora.
Informações extraídas do site da Embrapa.