Os custos de transporte seguem em elevação em diferentes regiões do país, impulsionados pelo aumento das exportações, pela forte procura por caminhões e pelo ritmo da colheita da segunda safra de milho.
O cenário é descrito no Boletim Logístico de agosto, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Fretes e custos de transporte

No caso do milho, o Brasil deve colher 137 milhões de toneladas, volume recorde, mas o mercado interno continua firme. O consumo doméstico, estimado em 90,2 milhões de toneladas, somado ao atraso da colheita, retardou a chegada do grão aos armazéns.
As exportações também têm reforçado a pressão logística, em julho foram embarcadas 2,43 milhões de toneladas, contra 370 mil em junho. De janeiro a julho, os embarques somaram 11,9 milhões de toneladas. O porto de Santos concentrou 24,7% desse total, enquanto o Arco Norte reduziu a participação para 34,7%. Já Paranaguá, São Francisco do Sul e Rio Grande ampliaram presença nas exportações.
Na soja, produtores têm priorizado contratos de entrega futura, à espera de alívio nos preços dos fretes com maior oferta de caminhões nos próximos meses. Entre janeiro e julho, as exportações somaram 77,4 milhões de toneladas, com a China mantendo o papel de principal compradora. A valorização do frete é apontada como obstáculo à comercialização imediata. Pelo Arco Norte passaram 38,2% da soja brasileira, e por Santos, 35,9%.
O mercado de farelo de soja segue aquecido internamente: o processamento deve atingir 57 milhões de toneladas neste ano, acima das 52,7 milhões registradas em 2024. As exportações, por sua vez, acumulam 13,3 milhões de toneladas até julho, ligeiramente abaixo do mesmo período do ano passado. Santos e Paranaguá permanecem como principais rotas de saída.
Importações

As importações de fertilizantes também chamam atenção, 24,2 milhões de toneladas entraram no país entre janeiro e julho, alta de 8,86% em relação a 2024. Só em julho, o volume foi de 4,8 milhões de toneladas, recorde para o mês. Paranaguá liderou as descargas, seguido pelos terminais do Arco Norte e de Santos.
A volatilidade nos preços internacionais e a indefinição sobre o mercado de nitrogenados, diante de uma possível compra indiana de ureia, têm levado parte dos produtores a adiar compras.
No transporte, os valores de frete apresentaram variações regionais. No Distrito Federal e no Maranhão houve redução em algumas rotas, reflexo da queda na demanda após a colheita da soja.
Na Bahia, Irecê e Paripiranga mantiveram estabilidade, enquanto Luís Eduardo Magalhães registrou alta. Em Minas Gerais, as variações foram heterogêneas, com recuos em alguns trajetos e aumentos de até 9% em outros.
Nos principais polos produtores, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí e São Paulo, prevaleceu a pressão de alta, sustentada pela intensificação da colheita de milho e soja, pela elevada demanda por caminhões e, em alguns casos, por ajustes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).