O furacão Milton atingiu o solo do Estado da Flórida na noite de quarta-feira, 9 de outubro. Classificado como categoria 3, o fenômeno gerou ventos e chuvas fortes, além de inundações e tornados.
Pelo caminho, o furacão deixou em alerta o setor do agronegócio como o mercado de produção de fertilizantes, de laranja, de petróleo, além de ser possível impactar as exportações de produtos pelos portos, por conta da falta de energia elétrica.
Furacão Milton: impactos no setor do agronegócio
Fertilizantes
Segundo o The Fertilizer Institute, a tempestade causada pelo furacão Milton, pode trazer impactos para a fábricas de fertilizantes na Flórida, já que cerca de 40% da produção de fosfato de amônio ocorre na área de Baía de Tampa, o que pode encarecer o produto.
Agricultura
A Flórida é um dos principais produtores de laranja e suco de laranja dos Estados Unidos, fornecendo inclusive para o Brasil. A passagem do furacão Milton nos pomares, com ventos de mais de 200 km/h, pode derrubar frutos da safra atual, que começa a colheita ainda este mês, causando danos às árvores, que leva muito tempo para serem substituídas.
Isso pode diminuir a oferta do produto e gerar instabilidade e aumento de preços do suco de laranja, que é uma commodity. Segundo o Centro Nacional de Furacões, Milton deve ter tocado o solo no coração da área de citros da Flórida. A região concentra 71% da produção de citros do estado, segundo o USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
A tempestade pode afetar também pomares de morangos, cana-de-açúcar, outras frutas e hortaliças, além de viveiros de plantas localizados na Flórida Central, segundo o USDA. Um fator que também pode impulsionar os preços com a menor oferta.
Portos e falta de energia
O furacão Milton caiu para categoria 1 durante a madrugada, mas provocou enchentes em várias cidades, deixando cerca de 3,2 milhões de pontos sem energia elétrica.
“O impacto seria, mas ainda não dá para mensurar, se faltasse energia para os portos do Golfo, podendo atrapalhar o escoamento da produção e de petróleo, porque ali no Golfo também se concentra grande parte da produção desse produto nos Estados Unidos. Mesmo que atrapalhe, não vai ser a longo prazo”, observa Ronaldo Fernandes, analista e consultor de mercado da Royal Rural.
No mercado geral do agronegócio, segundo Fernandes, os impactos não serão tão expressivos.
“Esse furacão vai impactar na inflação ali da Flórida, não tem expectativa que ele impacte na inflação dos Estados Unidos como um todo. São muitos estragos, é vida humana, é triste, de um peso humanitário grande, mas com peso menor do ponto de vista econômico do agronegócio agora”, analisa.
Furacão Milton
Milton é o terceiro furacão a atingir a Flórida em 2024, com rajadas de vento de 195 km/h. O aquecimento dos oceanos, principalmente do Atlântico Norte, e a transição do El Niño para o fenômeno climático La Niña podem estar por trás da intensidade desses furacões.
O furacão Milton deixou um rastro de destruição com chuvas fortes, tornados, ventos que derrubaram árvores e postes e deixou cerca de 125 casas destruídas. O governador da Flórida, Ron DeSantis afirmou nesta quinta-feira (10) cinco pessoas morreram no condado de St. Lucie, mas que deve haver mais vítimas.
Segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, após o avanço, a velocidade do vento baixou para 150 km/h, reduzindo o furacão para categoria 1, ao atravessar o estado e se deslocar para o mar, ainda com chuvas pesadas e tempestades na Costa Atlântica da Flórida, a 17 km a noroeste de Cabo Canaveral.
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