O aquecimento global pode chegar a quase 3°C até o fim do século, ficando assim acima da temperatura observada no período pré-industrial.
Com base no Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnumas), nas metas previstas no Acordo de Paris era de no máximo 1,5°C.
Prejuízos do aquecimento global para o planeta
Para que seja possível atingir o limite de aquecimento global do planeta em 1,5°C, seria necessário reduzir em 42% as emissões de gases de efeito estufa até o ano de 2030. Se a redução for de 28%, o aquecimento global chegaria a 2°C.
Segundo os dados divulgados nessa segunda-feira (20/11), o problema é que em vez de abaixar, as emissões globais registraram um aumento de 1,2% entre os anos de 2021 e 2022, atingindo assim um novo recorde de 57,4 gigatoneladas de Dióxido de Carbono.
Devido a isso, a ONU alegou que para reduzir a lacuna de emissões, será necessário um “mitigação implacável e transformação de baixo carbono”, sendo necessário assim aproveitar a próxima Conferência das partes sobre Mudança Climática (COP28), que ocorre em Dubai no final do mês, para elevar a ambição de negociação das próximas rodadas de ações climáticas.
“Os compromissos atuais no âmbito do Acordo de Paris colocam o mundo no caminho para um aumento da temperatura de 2,5ºC a 2,9ºC acima dos níveis pré-industriais neste século, apontando para a necessidade urgente de uma maior ação climática”, destaca o documento da ONU.
Entre as principais conclusões do relatório, também ficou evidenciado que os países devem ter como objetivo a eliminação de quase totalmente da produção e uso de carvão até 2040.
“O potencial fracasso dessas medidas para se desenvolver em escala que exige uma eliminação global ainda mais rápida de todos os combustíveis fósseis”, conclui o estudo.
Produção de combustíveis
De acordo com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, os governos estão dobrando a produção de combustíveis fosseis no que resulta em problemas duplo, atingindo assim as pessoas e o planeta.
“Precisamos de compromissos confiáveis para aumentar as energias renováveis, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética, garantindo uma transição justa e equitativa”, disse.
Entre os principais resultados do relatório também está que uma transição equitativa da produção de combustíveis fósseis deve reconhecer as responsabilidades e capacidades diferenciadas dos países.
Além disso, ainda foi solicitado que os governos sejam mais transparentes com relação a planos e projeções relacionados à produção de combustíveis fósseis e ao alinhamento com as metas climáticas nacionais e internacionais.
O Relatório Anual de Lacuna de Emissões analisa o progresso no planejamento, financiamento e implementação de ações de adaptação às mudanças climáticas. Ele conclui que as necessidades financeiras de adaptação dos países em desenvolvimento são 50% maior do que a estimativa anterior.
A ONU também estima que os custos de adaptação a serem implementados nos países em desenvolvimento são de US$ 215 bilhões por ano nesta década e que o financiamento de adaptação necessário para implementar as prioridades de adaptação domésticas é de US$ 387 bilhões por ano.
Portanto, apesar das necessidades, esses fluxos financeiros diminuíram 15%, chegando a US$ 21 bilhões em 2021.