Um levantamento do MapBiomas expôs o tamanho do desafio das cidades brasileiras quando o assunto é arborização urbana.
Segundo o estudo, apenas 6,9% da área total dos centros urbanos do país é coberta por vegetação, índice muito inferior ao mínimo recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que orienta que ao menos 30% de cada bairro esteja sob a copa das árvores.
Arborização urbana e cidades brasileiras

Os dados mostram uma realidade ainda mais preocupante em estados da Amazônia Legal, Amapá, Roraima e Rondônia apresentam cobertura vegetal urbana de apenas 2,6%, 3% e 3,1%, respectivamente.
Em todo o país, cerca de 1,2 mil municípios têm menos de 1% de área verde e outros 350 não possuem nenhuma cobertura vegetal registrada.
O levantamento considera todas as formas de vegetação, incluindo gramados e arbustos, o que significa que, se analisadas apenas as árvores, os números seriam ainda menores. Para especialistas, o quadro reflete a ausência de políticas públicas consistentes de arborização e o tratamento das árvores como elementos decorativos, e não como parte essencial da infraestrutura urbana.
A falta de áreas verdes tem impacto direto na qualidade de vida. Cidades com pouca vegetação sofrem mais com enchentes, altas temperaturas e poluição do ar.
Já os espaços com cobertura arbórea adequada contribuem para a regulação do clima, a melhoria da saúde pública e até a segurança, ao estimular o uso coletivo dos espaços urbanos.

Com o objetivo de mudar esse cenário, o governo federal prepara o Plano Nacional de Arborização Urbana, que será apresentado durante a COP30, em Belém. O plano segue o modelo internacional 3-30-300, que estabelece três metas principais, sendo que cada pessoa deve enxergar ao menos três árvores de casa, o bairro precisa ter 30% de cobertura de copas e deve haver uma área verde a até 300 metros de onde se vive ou trabalha.
A proposta busca reduzir desigualdades ambientais e climáticas, garantindo que a arborização urbana chegue também às periferias, historicamente esquecidas nas políticas ambientais.