Em 2023, o Brasil registrou o desmatamento de pouco mais de 1,8 milhão de hectares de vegetação nativa, uma redução de 11,6% em comparação a 2022, quando mais de 2 milhões de hectares foram perdidos. Embora a queda seja significativa, a área desmatada ainda é quase o dobro do tamanho do Distrito Federal. As informações são do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, divulgado pelo MapBiomas.
O relatório revela que 97% do desmatamento no país em 2023 foi impulsionado pela expansão agropecuária. Amazônia e Cerrado, os dois maiores biomas brasileiros, representam 86% da área total desmatada no país. Pela primeira vez desde 2019, o Cerrado ultrapassou a Floresta Amazônica em termos de extensão desmatada, com 61% contra 25%, respectivamente.
Matopiba: Epicentro do desmatamento
A região de Matopiba, que inclui os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, foi responsável por 47% de toda a vegetação nativa perdida, superando o total desmatado pelos sete estados da região Norte. O Maranhão lidera o ranking de desmatamento em 2023. Roberta Ferreira, da Equipe MapBiomas Cerrado, destaca a necessidade de equilibrar produção agrícola e conservação:
“Esses estados ocupam as primeiras posições do ranking do desmatamento do bioma Cerrado e também do Brasil. Os municípios que compõem a região do Matopiba também ocupam as primeiras posições no ranking nacional do desmatamento. A região do Matopiba é hoje a principal fronteira agrícola do país. Mas precisamos conciliar essa produção com a conservação do Cerrado.”
A Mata Atlântica, severamente afetada pelo desmatamento nas últimas décadas, teve uma redução de 60% no desmatamento entre 2022 e 2023. Natália Crusco, da Equipe MapBiomas Mata Atlântica, explica os principais fatores por trás dessa perda de vegetação:
“A agropecuária continua sendo o maior desencadeador de desmatamento na Mata Atlântica, mas também observamos registros associados à expansão urbana, principalmente no estado de São Paulo, que contabiliza perdas de vegetação nativa devido a deslizamentos em São Sebastião. Além disso, houve desmatamentos relacionados à mineração em Minas Gerais.”
Em resposta, o governo do Maranhão informou que está implementando ações de prevenção e combate a incêndios florestais e atualizando o Plano de Ação, Prevenção e Controle de Queimadas do estado. A iniciativa visa promover um modelo sustentável de uso dos recursos florestais e das práticas agrossilvipastoris.
O relatório do MapBiomas destaca a importância de políticas públicas eficazes e do comprometimento do setor agrícola para a conservação dos biomas brasileiros, essenciais para a biodiversidade e o equilíbrio ambiental do país.