Uma parceria entre a Embrapa Cerrados e a Kinross Gold Corporation busca soluções para recuperar áreas impactadas pela mineração de ouro em Paracatu (MG).
A pesquisa, iniciada em 2023, pretende criar um protocolo sustentável de revegetação que possa ser aplicado em taludes de barragens de rejeito, estruturas que armazenam os resíduos da atividade mineradora.
Soluções para recuperar áreas impactadas pela mineração de ouro

O trabalho está concentrado na mina Morro do Ouro, especialmente na barragem de Santo Antônio, construída em 1987. Com cinco quilômetros de extensão e taludes que chegam a 100 metros de altura, a estrutura apresenta solos pobres em nutrientes, ácidos e com presença de metais tóxicos, condições que dificultam o crescimento vegetal.
O desafio também passa pelas restrições legais. De acordo com a pesquisadora Fabiana Aquino, as plantas utilizadas não podem desenvolver raízes profundas, que poderiam comprometer a estabilidade da estrutura, nem apresentar copas muito densas, para permitir o monitoramento da área.
Para enfrentar esse cenário, foram instalados experimentos que combinam diferentes espécies e técnicas de manejo. Algumas gramíneas de clima temperado, como aveia-preta e azevém, foram descartadas, enquanto espécies já adaptadas ao Cerrado, como estilosantes, braquiária humidícola e grama pensacola, foram mantidas.

Além disso, também foram incluídas leguminosas como Mimosa somnians, nativa do Cerrado, e Alysicarpus vaginalis, originária da Ásia e usada na Austrália para produção de feno.
Segundo Gabriel Mendonça, gerente de Desenvolvimento Sustentável da Kinross, a parceria com a Embrapa tem avançado com apoio de visitas técnicas e debates entre os profissionais. A expectativa é de que o protocolo em desenvolvimento seja replicado em outras áreas de mineração no país.