Os registros recordes de focos de queimadas no estado do Amazonas têm causado uma deterioração alarmante da qualidade do ar em várias cidades, incluindo a capital, Manaus.
No último sábado (10), Manaus registrou a pior qualidade do ar do país, com diversos bairros encobertos por uma densa camada de fumaça. Pelo terceiro dia consecutivo, a cidade amanheceu coberta por fumaça.

Segundo o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental da Universidade do Estado do Amazonas (SELVA), para que o ar seja considerado de boa qualidade, os níveis de partículas precisam estar entre 0 e 25 micrômetros por metro cúbico de ar.
Contudo, mesmo após uma pequena melhora devido às chuvas no final de semana, o aplicativo SELVA continua a registrar níveis de qualidade do ar variando entre “ruim” e “muito ruim” em todas as estações de monitoramento da capital.
Fim de semana
No último sábado (10), densas neblinas de fumaça começaram a encobrir Manaus, com os bairros das Zonas Sul e Oeste sendo os mais afetados. No bairro Morro da Liberdade, localizado na Zona Sul, a qualidade do ar atingiu um preocupante nível de 151,1 μm/m³, tornando-se a área mais prejudicada da capital.

No domingo (11), a situação se repetiu, com a fumaça novamente cobrindo toda a cidade. Durante a tarde, o bairro Vila Buriti, também na Zona Sul, registrou uma qualidade do ar de 116,2 μm/m³.
Outros bairros de Manaus, como Crespo, Cachoeirinha, Centro e Japiim (Zona Sul), Coroado (Zona Leste), Alvorada (Zona Centro-Oeste), Compensa (Zona Oeste), Parque 10 de Novembro e Chapada (Zona Centro-Sul), também apresentaram níveis de qualidade do ar considerados “muito ruins”.
Situação no interior
No interior do estado, a situação é ainda mais crítica. Estações de monitoramento em cidades como Humaitá, Apuí e Nova Aripuanã classificaram a qualidade do ar como “péssima”, com níveis de poluição atingindo 323 pontos em Humaitá, 257 em Apuí e 152 em Nova Aripuanã, valores extremamente altos e perigosos para a saúde humana.
Desde julho, os moradores dessas cidades sofrem com a deterioração da qualidade do ar, agravada pelas condições ambientais da região. A alergista Nádia Betti alerta para os riscos à saúde que esse cenário impõe, especialmente para idosos, crianças e pessoas com comorbidades.
“De acordo com o grau de poluição, algumas recomendações devem ser seguidas. Pessoas com problemas pulmonares, como asma ou doenças obstrutivas crônicas, ou mesmo condições como rinite e conjuntivite, podem ter agravamento dos sintomas, incluindo crises, ardência ocular, e irritação nas vias aéreas”, explica a médica.
Para aqueles que precisam sair de casa, a Dra. Nádia Betti sugere algumas precauções:
“Hidratação é fundamental; levar uma garrafinha de água sempre que possível. Também é importante utilizar lubrificantes oculares e nasais. Dependendo da qualidade do ar, o uso de máscara é recomendado, e é preferível ficar em locais fechados. Se precisar se locomover, mantenha os vidros do carro fechados e use o ar condicionado sem o modo de recirculação do ar externo. Quem pode, deve considerar a compra de um purificador de ar para ambientes internos.”
Programa “Queimadas”
Dados do programa “Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que o Amazonas registrou 706 focos de queimadas entre sexta-feira e domingo, 29 deles em municípios da Região Metropolitana de Manaus.
Em julho de 2024, o estado alcançou um recorde histórico para o mês, com mais de 4,2 mil focos de incêndio, refletindo a gravidade da situação ambiental na região.
A combinação de queimadas intensas, seca severa e a falta de políticas eficazes de controle estão colocando em risco não apenas o meio ambiente, mas também a saúde de milhões de pessoas que vivem na região.
Com informações Agência Brasil