O relatório Estado dos Recursos Hídricos Globais 2023, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), revelou que 2023 foi o ano mais seco para os rios do mundo nos últimos 30 anos.
Divulgado na última segunda-feira (7), em Genebra, o estudo aponta que as mudanças climáticas estão tornando os ciclos da água cada vez mais irregulares, o que exige um monitoramento mais rigoroso.
Ano mais seco para rios
O documento também destaca que 50% das áreas de captação de água subterrânea ao redor do mundo apresentaram condições anormais. Em muitos desses casos, houve um déficit de água semelhante ao registrado em 2022 e 2021.
As regiões mais afetadas por secas severas e baixos níveis de água nos rios incluem grandes territórios da América do Norte, América Central e América do Sul. O estudo destaca que rios como o Amazonas e o Mississippi tiveram volumes de água abaixo da média histórica, refletindo a gravidade da situação.
No Brasil, oito estados enfrentaram chuvas abaixo da média na Amazônia entre julho e setembro, resultando na menor precipitação em mais de 40 anos. Em outubro, o Rio Negro, em Manaus, atingiu o menor nível desde 1902, chegando a 12,70 metros.
A Amazônia também sofreu, entre 2022 e 2023, a maior perda de armazenamento de água já registrada na bacia hidrográfica, devido à crise climática. Em contrapartida, as regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil apresentaram um aumento no armazenamento de águas subterrâneas, impulsionado por fortes eventos de precipitação nesses dois anos.
Escassez hídrica
O diretor de hidrologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Stefan Uhlenbrook, alertou que a escassez de água deve se agravar ainda mais este ano em regiões que já enfrentaram novos recordes de calor.
A situação extrema de 2023 também contribuiu para uma perda acelerada de massa nas geleiras globais, totalizando 600 gigatoneladas de água, um dos níveis mais elevados dos últimos 50 anos.
Durante o verão, as geleiras da Europa e do Cáucaso continuaram a apresentar tendências de equilíbrio reduzido, seguindo o padrão dos anos anteriores. Com isso, os rios da Europa e Escandinávia, alimentados por águas de geleiras, registraram altos fluxos. No entanto, a expectativa é que o derretimento contínuo leve a um cenário ainda mais crítico nos próximos anos.
Além disso, os níveis de água subterrânea ficaram abaixo do normal no sul da Europa, especialmente em países como Portugal, Espanha e grande parte da França, bem como em áreas da Europa Central.
*As informações são do Climatempo