O mercado pecuário segue aquecido, com os frigoríficos entrando firme nas compras por conta da alta demanda pela carne bovina brasileira, o que tem aumentado o preço da arroba do boi gordo, a escala de abates, as exportações e o consumo interno da proteína.
O preço médio da arroba do boi gordo no estado de São Paulo – referência para o mercado brasileiro – está por volta de R$ 340, é o que apontam os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Mercado da arroba do boi gordo segue firme
A demanda aquecida por carne tanto para o mercado interno – varejistas começam a formar estoques para atender ao consumo nas festas de fim de ano em dezembro – quanto para exportação, o que motiva frigoríficos a seguirem firme na compra de animais para abate.
Segundo a equipe do Cepea, tradicionalmente, essas empresas fazem contratos com confinadores para atender suas escalas de abate neste período do ano, de entressafra, mas o volume contratado tem se mostrado pequeno diante da demanda.
Os levantamentos mostram que, desde agosto, frigoríficos têm entrado firme nas compras de balcão (spot) para complementar os lotes que já tinham contratado. Na avaliação dos pesquisadores do Cepea, essa forte dinâmica da pecuária nacional reflete o momento do ciclo de produção mundial e também as circunstâncias de demanda mundo afora.
Segundo a equipe Cepea, os aumentos de preços da carne bovina são globais, e produtores brasileiros estão respondendo adequadamente, com incrementos de produção, investindo em produtividade e preparando-se para uma possível reversão de ciclo num horizonte não muito distante.
Preços
Os preços de todas as categorias animais (boi, fêmeas e reposição) não param de subir há cerca de três meses, segundo o Cepea. Com a alta demanda externa, o preço da carne em novembro já está acima dos meses anteriores, o que estimula as exportações.
No mercado interno, indicadores macroeconômicos mostram que o consumo dos brasileiros também se mantém firme, mesmo com os preços em patamar elevado. O preço da carne com osso no atacado da Grande São Paulo é o maior em 3,5 anos.
Só na parcial deste mês, dados do Cepea mostram que a carcaça casada de boi se valoriza quase 7%, com o quilo negociado à média de R$ 23,43 no dia 13 de novembro. A carne de vaca/novilha tem alta ainda maior, passando dos 8% na parcial de novembro, a R$ 22,29/kg à vista, também nesta quarta.
O Indicador CEPEA/B3 fechou a R$ 339,60 na quarta-feira (13/11), alta de 6,6% no mês e de expressivos 46% desde o começo de agosto, o equivalente a quase 107 reais a mais por arroba.
Parte dos negócios, no entanto, já sai acima desta média, e novos aumentos são registrados diariamente em praticamente todas as regiões do Brasil, na análise do Cepea.
Abates
Mesmo com pastagens debilitadas pela seca deste ano, pecuaristas agilizaram em sistemas de confinamento intensivo e semi-intensivo, e conseguiram ofertar em julho, agosto e setembro 370 mil animais a mais que no trimestre anterior e com peso médio maior – típico de confinamentos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos cálculos do Instituto, em julho, agosto e setembro, a produção de carne bovina aumentou 6,3% sobre o trimestre anterior e 14,3% no comparativo com o mesmo período do ano passado.
Em relação ao número de animais abatidos, o aumento no terceiro trimestre foi de 3,7% em relação a abril, maio e junho. Considerando-se abatedouros com inspeção municipal, estadual e federal, foram abatidas 10,33 milhões de cabeças em julho, agosto e setembro, contra 9,96 milhões no segundo trimestre de 2024.
Exportações
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), em outubro, frigoríficos conseguiram exportar 42% a mais que no mesmo mês do ano passado e 5% a mais que em setembro – carne in natura e processada.
O número representa o maior volume mensal já registrado, acima dos recordes registrados neste ano. No comparativo anual, o volume nos 10 primeiros meses de 2024 é 29% maior, totalizando 2,397 milhões de toneladas, alcançando faturamento de mais de US$ 10,5 bilhões, aumento de 22,6% sobre o do mesmo período de 2023.
O principal destino da carne bovina brasileira in natura é a China, sendo quase metade do volume total, somando de 1,086 milhão de toneladas. Cresce também os envios para os Estados Unidos, que compraram mais que o dobro do ano passado. Há ainda a alta dos embarques para os Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.