A Embrapa Pecuária Sudeste publicou um estudo na revista Grass and Forage Science (publicação da Sociedade Britânica de Pastagem), que investigou diversos aspectos de 25 acessos de espécies de plantas forrageiras do gênero Paspalum. O objetivo do estudo é fornecer subsídios para programas de melhoramento, a fim de desenvolver novas gramíneas forrageiras.
A pecuária brasileira é altamente dependente de pastagens cultivadas, principalmente de espécies africanas, como as dos gêneros Megathyrsus (Panicum) e Urochloa (Brachiaria). Dessa forma, há poucas cultivares disponíveis no mercado.
Segundo o autor principal do artigo, Frederico de Pina Matta, a atual dependência da pecuária brasileira em relação a um número limitado de cultivares a torna vulnerável a crises decorrentes de pragas, doenças ou mudanças climáticas desfavoráveis.

Com o agravamento das mudanças climáticas globais, será necessário desenvolver uma maior diversidade de cultivares adaptadas a esses fatores. Nesse contexto, as espécies nativas brasileiras apresentam-se como alternativas viáveis para reduzir esses riscos, graças às suas características de tolerância à adversidade.
Para isso, a Embrapa Pecuária Sudeste possui um banco de germoplasma de Paspalum com 538 acessos de 60 espécies, que pode ser utilizado para o desenvolvimento de novas cultivares adaptadas a fatores bióticos e abióticos desfavoráveis.
A pesquisa realizou a avaliação de 25 acessos de Paspalum, pertencentes ao BAG, distribuídos em 12 espécies. Os acessos foram escolhidos com base em características visuais, como porte, perfilhamento e resiliência aos cortes de manutenção.
Produtividade das novas plantas forrageiras é semelhante às cultivares mais utilizadas no país

Para determinar a produtividade e valor nutritivo, foi conduzido um experimento de campo na fazenda Canchim, localizada na sede da Embrapa Pecuária Sudeste. As cultivares comerciais M. maximum cv. Tanzânia e U. brizantha cv. Marandu foram usadas como referência.
O estudo identificou acessos com produtividade semelhante ou superior às cultivares mais utilizadas no Brasil para a produção de forragem.
Os valores de teor de proteína dos acessos avaliados também ficaram acima do limite mínimo de 7%, sendo que alguns apresentaram valores superiores à cultivar Tanzânia, utilizada como referência. No entanto, nenhum acesso foi considerado superior em todas as variáveis avaliadas, indicando a necessidade de melhorar a qualidade nutricional.
O estudo contribui para o desenvolvimento sustentável, alinhando-se com a meta 2.5 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.