Os pecuaristas do Brasil planejam elevar em 2,5% o volume de gado com terminação em confinamento em 2024, comparado ao ano anterior, totalizando 7,379 milhões de bovinos. Esses dados preliminares foram divulgados nesta terça-feira (4) pelo Censo de Confinamento da empresa de nutrição animal dsm-firmenich.
Walter Patrizi, gerente técnico de confinamento para a América Latina da dsm-firmenich, destacou que o número reflete as intenções de confinamento no Brasil, com os envios de gado para terminação intensiva começando no mês passado.
“No final do ano teremos a certeza se esse número se consolidou, mas é muito provável que teremos esse número recorde”, afirmou Patrizi durante uma videoconferência com jornalistas.
A redução nos preços do milho e do farelo de soja, insumos essenciais na ração animal, é um dos fatores que incentivam a adoção do confinamento. Além disso, as condições das pastagens, que perdem vigor com o clima mais frio e seco, também contribuem para essa decisão.
“Houve uma redução de custo muito importante desde o ano passado. Ainda temos um patamar de arroba muito baixo, mas teve uma redução muito grande nos pastos nos últimos anos, na seca não conseguimos mais comportar o volume de gado no pasto, então a gente precisa confinar”, explicou Patrizi.
Distribuição regional
Os cinco Estados com maior volume de bovinos confinados em 2024 devem ser:
Mato Grosso: 1.571.870 animais (21% do total)
São Paulo: 1.227.965 animais (17%)
Goiás: 1.199.700 animais (16%)
Minas Gerais: 840.870 animais (11%)
Mato Grosso do Sul: 811.265 animais (11%)
“Mato Grosso é o Estado que mais vem crescendo no confinamento”, observou Patrizi, sem especificar o avanço em números.
Crescimento do confinamento de fêmeas
João Luiz Ribeiro Pacheco, especialista de dados da dsm-firmenich, destacou que o número de fêmeas enviadas para confinamento, embora ainda menor que o de machos, tem aumentado desde 2022.
“Isso indica o momento do ciclo pecuário”, disse Pacheco.
Com base em informações da ferramenta de inteligência FarmTell, ele informou que o índice de fêmeas confinadas era de 6% até 2021, passou para 14% em 2022 e atingiu 16% em 2023.
Produtividade e retorno financeiro
Dados do Tour de Confinamento da dsm-firmenich, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), revelam que, em média, os bovinos ganharam 7,95 arrobas em 103 dias de terminação intensiva.
Os animais entraram com peso vivo inicial médio de 13,6 arrobas e saíram com 21,55 arrobas. Financeiramente, o retorno sobre o investimento (ROI) por adotar o confinamento foi de 6,69%, “uma média acima do mercado no período”, segundo a empresa.
Thiago Carvalho, pesquisador do Cepea, comentou que 2023 foi marcado por uma forte retração nas cotações da arroba bovina.
“Em anos que o preço não está convidativo, a produtividade é o que vai dar o lucro”, explicou. Para 2024, a aposta na produtividade deve continuar. “O número de confinamento é reflexo de um custo menor do milho e do boi magro, mas o pecuarista já vai fechar e travar o preço futuro do boi gordo”, afirmou.
A decisão de confinar, que antes se baseava apenas na receita futura, agora também considera a falta de espaço de pasto durante a seca e o avanço tecnológico na pecuária.
“Profissionalizou o processo, tenho agora a intensificação o ano todo”, concluiu Carvalho.