A cultura do açaí (Euterpe oleracea), de origem amazônica, agora conta com Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) em sistema de produção irrigado.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou nesta terça-feira (27), as orientações para a possível expansão do cultivo do açaizeiro para outras regiões do Brasil.
Zoneamento de Risco Climático do açaí
É o primeiro zoneamento para o açaí e considera riscos climáticos de 20%, 30% e 40%. Em grande parte do país, o Zarc aponta risco de 20% para o plantio irrigado de açaí.
Nas regiões Norte e Nordeste, maior parte do Centro-Oeste e uma pequena parte do Sudeste (norte de Minas Gerais e Espírito Santo) apresentam condições de temperatura, umidade, ocorrência de chuvas e tipos de solo que permitem o cultivo da palmeira amazônica em sistema irrigado.
A faixa territorial contemplada no Zarc com riscos de 30% e 40% estão em áreas de transição para regiões mais ao sul na fronteira entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; centro-sul de Goiás e região central de Minas Gerais.
Segundo o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, o meteorologista Alailson Santiago, o Zarc permite que o produtor rural quantifique os riscos climáticos e permite identificar as melhores regiões para produção e as épocas para plantio das mudas, levando em conta o clima, a cultura e os diferentes tipos de solos.
Foram considerados elementos do plantio até a colheita, que influenciam diretamente no desenvolvimento do açaizeiro, como a temperatura, a ocorrência de chuvas, umidade relativa do ar, tipos de solo, água disponível nos solos, necessidade hídrica da cultura e elementos geográficos, como altitude, latitude e longitude.
Como acessar o Zarc do Açaí?
O Zoneamento de Risco Climático para o sistema de produção irrigada de açaí pode ser acessado no aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, disponível nas lojas de aplicativos: iOS e Android. Os resultados do Zarc também podem ser consultados e baixados por meio da plataforma “Painel de Indicação de Riscos”.

Sistema de produção irrigada do açaí
O açaizeiro é uma palmeira nativa das áreas de várzea da Amazônia e a expansão para sistemas comerciais de produção em terra firme requer a irrigação, pois mesmo os períodos curtos de falta de água podem reduzir muito a produção. A técnica mais utilizada é a irrigação por microaspersão e quantidade de água nas diferentes idades da planta depende das condições edafoclimáticas da região.
O Zarc considera, portanto, somente o sistema de produção de açaí com irrigação. As duas cultivares de açaí de terra firme desenvolvidas pela Embrapa, BRS Pará e BRS Pai d’Égua, são fundamentais nesse sistema de produção. Entre as principais características das variedades estão a redução da sazonalidade na produção, maior rendimento de polpa dos frutos e produção precoce.

Cultivo de açaí em expansão
Nos últimos anos, a demanda pelo açaí cresceu num ritmo muito mais acelerado que a oferta. Então, migrar para terra firme foi uma das soluções encontradas pela pesquisa.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a área colhida de frutos de açaí no Brasil, tanto o manejado das áreas de várzea quanto o cultivado, cresceu em torno de 100 mil hectares, saindo de 137 mil hectares em 2015 para 233 mil hectares em 2022. E, no mesmo período, a produção nacional saltou de 1 milhão de toneladas para 1 milhão e 700 mil toneladas.