Os preços da indústria brasileira recuaram 1,25% em junho de 2025, marcando o quinto mês seguido de queda. O resultado foi fortemente influenciado por setores ligados ao agronegócio, especialmente alimentos e biocombustíveis, que responderam por grande parte da retração.
A pressão veio tanto da valorização do real frente ao dólar quanto da menor demanda interna, além de fatores externos que impactaram as exportações de proteínas e o mercado internacional de açúcar e combustíveis.
Preços da indústria brasileira

Com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a maior contribuição para o recuo veio do setor de alimentos, com queda média de -3,43%, influenciado principalmente pelos preços do açúcar e da carne de frango. Esse movimento, que representa a baixa mais intensa desde agosto de 2022, responde por quase 70% da variação geral da indústria no mês.
Entre os fatores que pressionaram os preços para baixo estão a valorização do real frente ao dólar, que chegou a 9% no acumulado do ano, e a menor demanda interna por alimentos básicos.
Além disso, a suspensão de embarques de carne de frango por causa de focos de gripe aviária gerou excesso de oferta no mercado doméstico, contribuindo para a redução nos preços pagos aos produtores.

Também no campo do agro, o setor de refino de petróleo e biocombustíveis apresentou retração de -2,53%, influenciado pelas quedas nos preços da gasolina e do óleo diesel. Com isso, o acumulado do ano no setor já alcança -5,43%, o que afeta diretamente o custo de transporte e a cadeia logística de insumos agrícolas.
Na outra ponta, o setor de outros produtos químicos, embora com peso menor no índice geral, mostrou leve alta de 0,31% em junho. A movimentação foi impulsionada pela valorização de fertilizantes NPK e defensivos agrícolas, itens essenciais para a produção rural. No acumulado em 12 meses, o setor acumula alta de 5,77%, reflexo de oscilações nos preços internacionais e nas matérias-primas.
O acumulado do IPP no ano chegou a -3,11%, com destaque negativo para as indústrias extrativas (-14,88%) e a metalurgia (-9,52%), setores que também se conectam à atividade agroindustrial por meio da extração de minérios e da fabricação de máquinas e equipamentos.
Em 12 meses, a indústria ainda mantém alta de 3,24%, embora desacelerando frente aos 5,86% de maio. Nesse comparativo, alimentos voltam a liderar as influências com variação de 5,81%, reforçando a importância do setor no desempenho da indústria de transformação.