Uma bactéria da Caatinga retirada de solos áridos do Ceará é a base de uma nova solução biotecnológica para enfrentar a seca no campo.
Desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo (MG) em parceria com a empresa Bioma, o inoculante Hydratus foi oficialmente registrado no Ministério da Agricultura e Pecuária para uso em lavouras de soja, com testes em andamento para outras culturas.
Bactéria da caatinga

O produto é formulado com a bactéria Bacillus subtilis e atua diretamente na proteção das plantas sob condições de estresse hídrico, estimulando seu crescimento e até mesmo beneficiando áreas com irrigação.
Em lavouras comerciais, o uso do Hydratus resultou em ganhos médios de produtividade de 7,7 sacas por hectare no milho e 4,8 sacas por hectare na soja.
Um dos principais diferenciais do inoculante está na alta concentração de células bacterianas aliada a uma formulação inovadora que garante maior estabilidade do produto no solo e amplia sua durabilidade nas prateleiras.
A tecnologia é fruto de uma longa trajetória de pesquisa iniciada em 2017, focada na identificação de microrganismos capazes de ajudar as plantas a lidar com a escassez de água e, ao mesmo tempo, estimular seu desenvolvimento.

Durante o processo de seleção, 414 estirpes bacterianas foram isoladas em áreas secas do Ceará. Entre elas, a estirpe 1A11 se destacou por sua capacidade de produzir exopolissacarídeos, substâncias que formam uma camada protetora em torno das raízes, ajudando a reter água e a proteger as células contra o estresse ambiental.
Coordenado pela pesquisadora Eliane Aparecida Gomes, o projeto contou ainda com o apoio de equipes da Embrapa Agricultura Digital (SP) e da área de P&D da Bioma.
Além da resistência à seca, o microrganismo mostrou potencial para a produção de fitohormônios que aumentam o volume das raízes, favorecendo a absorção de nutrientes.