Os bioinsumos são uma excelente alternativa tanto para o controle de pragas, quanto para aumentar a eficiência no uso de nutrientes e quando falamos das lavouras de trigo, o uso dessa “tecnologia viva” pode aumentar em até 11% a produtividade dessa cultura.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Anderson Ferreira, os bioinsumos são produtos desenvolvidos a partir da própria natureza, como fungos, vírus e bactérias, capazes de agir beneficamente para a produção agrícola ou pecuária.
“O uso de bioinsumos nada mais é do que a pesquisa imitando a natureza. Nós observamos que um microrganismo ajuda a controlar uma doença ou promove o melhor desempenho da planta, então isolamos esse microrganismo em laboratório e multiplicamos em escala para utilizar na lavoura”, acrescenta Ferreira.
O mais conhecido bioinsumo do Brasil é o inoculante para a soja, onde bactérias de Bradyrhizobium fixam nitrogênio para as plantas, o que reduz o gasto com fertilizantes e melhora a produtividade da planta. Hoje, para a cultura da soja, existem mais de 300 bioinsumos disponíveis.
No caso do trigo, os bioinsumos são desenvolvidos a partir da bactéria Azospirillum brasilense, que também age fixando o nitrogênio na planta e ajuda a raiz da planta a se desenvolver mais, gerando menor prejuízo em períodos de seca. A cultura do trigo, conta hoje com 19 inoculantes no mercado e todos à base da bactéria Azospirillum brasilense.
Além disso, a Embrapa Soja estudou por cinco anos o uso de Azospirillum brasilense no trigo e concluiu que a produtividade da lavoura aumentou 8 e 11%.
Processo de produção de bioinsumos necessita cuidados
Anderson Ferreira, pesquisador da Embrapa, explica que os bioinsumos são mais vantajosos que os agroquímicos, devido o menor impacto ambiental, como também, o menor custo de produção.
No entanto, ele lembra que a produção do bioinsumo consiste na manipulação de organismos vivos, o que exige controle mais rígido nas etapas de produção, armazenamento e aplicação, além das condições adequadas de nutrientes e temperatura.
É sugerido ao produtor rural que ele utilize bioinsumos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Contudo, há produtores que preferem produzir o seu próprio bioinsumo.
“A legislação brasileira permite que o produtor compre o inóculo e produza o bioinsumo para consumo na propriedade, desde que não reproduza marcas comerciais e não comercialize o bioinsumo”, pontua Ferreira.
- Tecnologia da Embrapa: Bioinsumo pode reduzir em 25% o nitrogênio usado na adubação do milho
Caso o bioinsumo seja produzido sem microrganismos vivos ou com carga excessiva de microrganismos, isso pode trazer impactos negativos para a plantação.