O Brasil dá um passo à frente na proteção da bananicultura ao testar cultivares resistentes à forma mais agressiva da murcha de Fusarium, conhecida como raça 4 tropical (R4T).
Pesquisas conduzidas pela Embrapa em parceria com instituições colombianas confirmaram que as variedades BRS Princesa e BRS Platina apresentam resistência ao patógeno, oferecendo uma estratégia preventiva para reduzir o risco de prejuízos bilionários e limitar a disseminação global da doença.
Bananicultura resistentes às pragas

A murcha de Fusarium, endêmica em todas as regiões produtoras de banana, causa prejuízos bilionários ao comprometer colheitas e restringir exportações.
O fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense (Foc), presente em 17 países da Ásia, África e Oceania, se espalha por solo contaminado, ferramentas, mudas infectadas e plantas ornamentais hospedeiras.
Embora a raça 4 tropical ainda não tenha chegado ao Brasil, está presente na Colômbia, Peru e Venezuela, países vizinhos, mantendo a bananicultura nacional em alerta constante.
Na Colômbia, as cultivares brasileiras foram testadas em áreas contaminadas, incluindo a primeira fazenda onde a R4T foi identificada no país. As mudas passaram por quarentena de oito meses para garantir a ausência de patógenos e, posteriormente, foram submetidas a testes em campo com solo infectado.
Segundo Mónica Betancourt, pesquisadora da AgroSavia responsável pelo convênio com a Embrapa, após quatro ciclos de produção, menos de 1% das plantas BRS Princesa e BRS Platina foram afetadas, confirmando sua resistência.
Material genético brasileiro

O material genético brasileiro também foi utilizado em programas de melhoramento na Colômbia, com três híbridos comerciais mostrando 100% de eficiência.
Um desses híbridos deve ser lançado em 2026. Além disso, somaclones derivados da Cavendish Grande Naine indicam potencial de resistência à R4T, com resultados esperados para o próximo ano, segundo Janay Almeida dos Santos-Serejo, pesquisadora da Embrapa.
O Ministério da Agricultura priorizou a vigilância contra a R4T por meio do Programa Nacional de Prevenção e Vigilância de Pragas Quarentenárias Ausentes, buscando impedir a entrada da doença no país e dar tempo para a pesquisa desenvolver soluções.
Para os produtores, a confirmação da resistência das novas cultivares representa uma segurança estratégica. Augusto Aranha, presidente da Associação dos Bananicultores do Vale do Ribeira, afirma que os resultados trazem alívio para a maior região produtora do país.