A Embrapa Clima Temperado (RS) juntamente com instituições de ensino do Sul do Brasil têm desenvolvido pesquisas, ao longo de 10 anos, para diminuir a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) a partir do cultivo de arroz. Inclusive várias práticas de manejo estão sendo estudadas e adaptadas para a realidade das terras baixas do Pampa, como forma de equilibrar o balanço do carbono, contribuindo assim para a eficiência do uso da água, além de diversificar o sistema de produção e identificar genótipos de arroz mais adaptados às mudanças climáticas. O foco das pesquisas tem sido as lavouras de arroz irrigados do Rio Grande do Sul que, sozinhas, são responsáveis por mais de 87% das emissões de gás metano na cultura do país, que também consome bastante água.
Uma prática relevante no cultivo do arroz é o sistema alternativo de manejo de água, que irriga por inundação intermitente e de aspersão, como forma de substituir a de inundação contínua, e tem apresentado queda de mais de 70% na emissão de GEE, além de economia hídrica. Além disso, o uso de adubação com nitrogênio no arroz irrigado é capaz de reduzir as emissões de óxido nitroso e amônia das lavouras de arroz.
Outra técnica relevante é a alternância de culturas com as lavouras de arroz como, por exemplo, a inserção de cultivo de soja, milho, sorgo e forrageiras, que tem apresentado diminuição significativa no potencial de aquecimento global.
![Embrapa desenvolve ações que diminuem emissão de metano no cultivo de arroz 2 sequeiro](https://agro2.com.br/wp-content/uploads/2022/12/arroz-de-sequeiro.jpg)
A pesquisa indica ainda outra técnica que já está amplamente incorporada ao sistema de produção. É a adequação do solo e da palha ao arroz irrigado. A antecipação do preparo do solo no outono, após a colheita do arroz e a alternância com a soja reduz em mais de cinco vezes o potencial de aquecimento global anual em terras baixas. Em paralelo, os sistemas de produção que envolvem rotações de cultivos de sequeiro em plantio direto e pastagens melhoradas, emitem menos gás metano em ao mesmo tempo, aumentam o acumulo de carbono no solo, se tornando uma alternativa sustentável para as terras baixas do Pampa.
Maior parte do cultivo de arroz do Brasil está no Sul
![Embrapa desenvolve ações que diminuem emissão de metano no cultivo de arroz 3 irrigado](https://agro2.com.br/wp-content/uploads/2022/12/arroz-irrigado.jpg)
De acordo com os dados do levantamento da safra de grãos brasileira da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Sul do país concentra a maior parte da produção brasileira de arroz irrigado, especificamente, no Rio Grande do Sul, que é o maior produtor do país.
Ainda que corresponda a menos de 2% da área nacional cultivada com grãos, a região entrega mais de 70% da produção nacional do cereal. Santa Catarina desponta como o outro grande produtor de arroz irrigado. O Tocantins também vem se destacando na produção do cereal. Juntos, os três estados são responsáveis por quase toda a produção nacional do arroz.
E o cultivo de arroz irrigado vem crescendo no Brasil. Se por um lado, essa técnica mantém constante, com produtividade crescente ao longo dos anos e que traz segurança ao mercado interno, por outro, o cultivo de arroz em sequeiro vem caindo ano a ano, cedendo espaço para culturas mais rentáveis, como soja e milho, por exemplo. Basta compararmos os dados de 1990 com os de 2021.
Naquele ano, a área cultivada com arroz de sequeiro no País era próxima a 3,1 milhões de hectares ou 74% do total; já no ano passado, essa técnica representou 23% da área total, ou seja, menos 0,4 milhão de hectares, enquanto o sistema irrigado totalizou 77% do total ou 1,3 milhão de hectares.