O Brasil é líder mundial em benefícios do uso de bioinsumos inoculantes, bactérias que intensificam o processo natural de fixação biológica de nitrogênio (FBN), em substituição total ou parcial a fertilizantes químicos nitrogenados.
Pensando no mercado cada vez mais crescente, a Embrapa Soja está lançando o Manual de Análises de Bioinsumos para Uso Agrícola: Inoculantes, que aborda os diferentes aspectos sobre o controle de qualidade da produção desses bioinsumos.
O material é de autoria da analista Eduara Ferreira e dos pesquisadores Marco Antonio Nogueira e Mariangela Hungria, que atuam no Laboratório de Biotecnologia do Solo da empresa, em Londrina-PR.
Manual de produção de bioinsumos
Um levantamento da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) mostra que na safra 2022/23 de soja, por exemplo, os inoculantes com Bradyrhizobium foram usados em 85% da área cultivada, enquanto a coinoculação (uso conjunto de Bradyrhizobium e Azospirillum) foi usada em cerca de 35% da área da cultura no país, mostrando avanço dessa tecnologia, mas com grande possibilidade de expansão.
Só na cultura da soja, são mais de 25 bilhões de dólares economizados anualmente pelo uso de inoculantes com bactérias fixadoras de nitrogênio. Uma das principais tecnologias recomendadas pela equipe é a coinoculação anual da soja com Bradyrhizobium spp. e Azospirillum brasilense, além da inoculação de A. brasilense em milho, trigo e pastagens e coinoculação do feijoeiro.
O manual vem como uma dessas oportunidades de estabelecer o crescimento da adoção e do desenvolvimento de inoculantes no Brasil. A publicação apresenta conteúdos detalhados, com o passo a passo dos métodos e análise, com imagens didáticas para a avaliação de inoculantes microbianos.
“Nosso objetivo é disponibilizar uma referência enriquecida com ilustrações e descrição detalhada dos métodos de análise de inoculantes, facilitando a avaliação da qualidade desses produtos”, explicam dois autores do material e pesquisadores da Embrapa Soja, Mariangela Hungria e Marco Antonio Nogueira.
Segundo a legislação brasileira vigente, os inoculantes são substâncias que contém microrganismos com atuação favorável ao desenvolvimento vegetal. Os métodos descritos no manual padronizam as análises de inoculantes, tendo por base as normativas vigentes na legislação brasileira, com conteúdos e ilustrações que facilitam a compreensão de cada etapa da análise.
Os métodos descritos são aceitos e validados nacional e internacionalmente e reconhecidos oficialmente pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Para a edição do Manual foram utilizados microrganismos recomendados ou autorizados para o uso em inoculantes pelo Mapa, compreendendo os gêneros: Azospirillum, Bradyrhizobium, Bacillus, Mesorhizobium, Priestia, Pseudomonas e Rhizobium.
No entanto, para que esses produtos possibilitem incremento da produtividade das culturas, melhoria da qualidade do solo e segurança ambiental, os autores alertam para a necessidade de uso de bioinsumos de boa qualidade.
“No caso dos inoculantes, a qualidade inclui o uso de microrganismos reconhecidos como eficientes pela pesquisa brasileira, em concentração adequada e sem contaminantes. A qualidade deve ser garantida desde a fabricação até o momento de uso pelo agricultor”, reforçam os pesquisadores.
O manual apresenta conteúdos para a indústria, que precisa garantir a manutenção das propriedades desejadas nos produtos desenvolvidos.
Além disso, pode beneficiar também cooperativas, revendas e agricultores que procuram, cada vez mais, laboratórios capacitados para verificar a qualidade dos bioinsumos, colaborando para o treinamento de quem vai manipular esses produtos, o que pode permitir o credenciamento de novos laboratórios para a análise de inoculantes, principalmente em regiões onde se concentra a maior produção de grãos, como o Centro-Oeste.
Lançamento do Manual
O manual já está disponível no site da Embrapa, mas será lançado oficialmente durante a Tecnoshow, feira agropecuária realizada de 8 a 12 de abril, em Rio Verde, Goiás. O lançamento acontecerá no dia 9 de abril, às 11h, no auditório 2, onde a pesquisadora Mariangela Hungria ministrará palestra sobre o uso de biológicos na cultura da soja.