O excesso de chuvas, induzido pelo EL Niño na última safra ocasionou perdas na produção de grãos e forragens na Região Sul. Além de perdas quantitativas, o setor sementeiro também está avaliando as perdas qualitativas, já que várias áreas de multiplicação não atingiram os parâmetros específicos para a comercialização de sementes.
O trigo foi a cultura mais afetada, já que a quebra na produção de sementes chegou a 50% no Rio Grande do Sul.
Efeitos do fenômeno El Niño nas safras
Para estimar os impactos de um possível aumento no preço das sementes nesta safra, em função da oferta menor do que a demanda, a equipe de transferência de tecnologias da Embrapa Trigo consultou algumas cooperativas gaúchas e avaliou que dentro das planilhas de custo de produção, o preço do saco de sementes de trigo 40kg está variando de R$130 a R$ 150, pouco acima dos R$ 120/sc praticados na safra passada.
No Paraná, a quebra está estimada em 20% contabilizando que deixarão de entrar no mercado cerca de 30 mil toneladas de sementes de trigo por falta de qualidade. A previsão é que o setor sementeiro vai garantir produção para cobrir 1,1 milhão de hectares com trigo no Paraná.
“Acreditamos que a redução na oferta de sementes vai acompanhar a menor intenção de cultivo do trigo por parte do produtor paranaense. A redução na cotação do trigo e as incertezas com o clima para o próximo inverno, deixaram o produtor mais cauteloso com a safra de inverno”, destacou o diretor executivo da Apasem, Jhony Moller
O milho segunda, que é tradicional concorrente do trigo na metade do norte do Paraná, não deverá avançar novamente repetindo a área de 2,4 milhões de hectares em 2024, não impactando no cultivo do trigo na região.
Porém está previsto um aumento de 33% na área de feijão segunda safra, ocupando o espaço que no ano anterior foi utilizado pelos cereais de inverno. A previsão é que ocorra uma redução de 17% na área com trigo no Paraná.
Falta de sementes de forrageiras
Além da perda de grãos, o mercado ainda está enfrentando a falta de sementes para a implantação de pastagens.
A estimativa é que a oferta de sementes de aveia preta seja reduzida em 40% e no azevém a oferta é até 80% menor em relação ao ano passado. De acordo com o presidente da Sulpasto, Claúdio Lopes, os produtores que conseguiram colher mais cedo, até tiveram resultados satisfatórios, mas as forragens mais tardias, como o azevém colhido em novembro e dezembro, sofreram perdas generalizadas no Rio Grande do Sul.
Devido a procura aquecida, os preços de sementes forrageiras seguem em alta. Enquanto na safra passa era possível adquirir aveia preta a R$ 0,88 kg, hoje o valor chega a R$ 4,00/kg.
No Paraná, a falta de sementes forrageiras também deve afetar os rebanhos, aumentando os custos de produção especialmente na região Sudoeste, onde está localizada a principal bacia leiteira do Estado e na atividade pecuária dos Campos Gerais.
O uso de sementes de qualidade é fundamental para assegurar o potencial de produção, garantindo o estabelecimento adequado da lavoura de grãos ou forragens. Uma lavoura de produção de sementes deve seguir uma série de normas e regras estabelecidos próprio do Ministério de Pecuária e Agricultura (MAPA), na qual devem ser compostas por atributos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários.
Para evitar prejuízo dessas sementes é indicado o tratamento de sementes com fungicidas que protegem a plântula da ação de agentes patogênicos, como fungos alojados no solo ou na própria sementes.
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