De acordo com a Embrapa, na safra 2022/2023, apenas 2 milhões de hectares da soja no Brasil são cultivados com irrigação, representando menos de 10% do total.
Isso significa que a grande maioria das áreas de produção de soja, que totalizam 43 milhões de hectares, é cultivada em sequeiro.
Soja no Brasil: períodos de seca
Nessas áreas de produção, é comum ocorrer períodos de escassez de chuvas, associados a altas temperaturas e exposição intensa ao sol.
A seca é o fator principal que causa os maiores prejuízos à produção de soja no Brasil, superando todos os outros fatores relacionados ao ambiente de cultivo.
O pesquisador José Salvador Foloni, líder do programa Tess, propõe várias medidas para reduzir os danos causados pela seca nas lavouras.
Ele destaca o aprimoramento dos modelos de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) e a seleção de cultivares e tecnologias agronômicas adequadas.
Foloni também ressalta a importância do sensoriamento remoto para monitorar as lavouras, a intensificação das práticas conservacionistas do solo e o uso de corretivos e fertilizantes para melhorar o perfil do solo em camadas mais profundas.
Estratégias para contornar a seca
Dentre as principais estratégias recomendadas para enfrentar o desafio da seca, destaca-se a diversificação de culturas e a adoção de práticas de manejo do solo.
Essas abordagens têm o potencial de aprimorar a estrutura do solo, aumentando sua capacidade de armazenamento de água disponível para as culturas.
Uma outra técnica fundamental no enfrentamento da seca na cultura da soja é o Zarc, que desempenha um papel importante na redução dos riscos associados à seca e auxilia os produtores na identificação da melhor época de semeadura.
Segundo o pesquisador José Renato Farias, o Zarc Soja estabelece áreas com maior ou menor probabilidade de enfrentar déficit hídrico durante fases críticas do ciclo da cultura, como a floração e o enchimento de grãos.
Esse zoneamento leva em consideração diversos fatores, como as diferentes épocas de semeadura, a disponibilidade de água em cada região, o consumo hídrico em diferentes estágios de desenvolvimento da cultura, a capacidade de armazenamento de água no solo e o ciclo da cultivar utilizada.
Cultivares tolerante à seca
A Embrapa Soja está realizando pesquisas em biotecnologia, com foco nas técnicas de edição gênica, visando acelerar a obtenção de cultivares mais tolerantes à seca.
Essa técnica permite identificar genes de interesse no DNA da soja e editá-los para expressar características agronômicas importantes, como a tolerância à seca.
O programa Tess tem, também, como objetivo utilizar técnicas avançadas de fenotipagem para desenvolver cultivares de soja mais tolerantes a extremos de temperatura, intensidade luminosa e disponibilidade de água no solo.
O uso de satélites e sensores em aeronaves não tripuladas, combinados com inteligência artificial, tem o potencial de se tornar uma ferramenta tecnológica em larga escala para a fenotipagem e atender aos programas de melhoramento genético de soja.