O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, no dia 2 de julho, um novo foco de monilíase do cacaueiro (Moniliophthora roreri) no município de Urucurituba, no estado do Amazonas.
A suspeita da praga foi detectada no dia 24 de junho durante ações de vigilância fitossanitária conduzidas pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) e confirmada por análise laboratorial realizada pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia (LFDA/GO).

Medidas emergenciais
Mesmo antes da confirmação oficial da doença, medidas emergenciais foram discutidas e implementadas em parceria com as autoridades locais.
“Procedemos com a interdição imediata da propriedade afetada para evitar qualquer propagação da praga, implementamos técnicas de erradicação para eliminar a monilíase na propriedade foco e proibimos o trânsito de frutos e amêndoas do município afetado para outras regiões”, explicou Edilene Cambraia, diretora do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da SDA.
Fiscalização e conscientização
Para evitar a dispersão da praga, a fiscalização do trânsito de materiais vegetais hospedeiros da monilíase foi intensificada.
“Aumentamos a fiscalização sobre o trânsito de vegetais e iniciamos campanhas de conscientização e treinamento em Urucurituba e em 10 municípios vizinhos entre Itacoatiara e Parintins, na divisa com o Pará, maior produtor de cacau do país. Essas ações estão em plena execução”, acrescentou Edilene.
O Mapa também prorrogou a declaração de emergência fitossanitária para os estados do Acre, Rondônia, Amazonas e incluiu o estado do Pará devido ao aumento do risco fitossanitário.
Foi encaminhado ao governo do Amazonas o pedido de restrição da emissão de notas fiscais interestaduais de amêndoas de cacau provenientes do estado.
Impacto da monilíase

A monilíase afeta plantas do gênero Theobroma, como o cacau (Theobroma cacao L.) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), causando perdas na produção e elevando os custos devido à necessidade de medidas adicionais de manejo e aplicação de fungicidas para controle da praga.
O Mapa alerta para a importância da notificação imediata de qualquer suspeita de ocorrência da praga às autoridades fitossanitárias locais. Vale ressaltar que a doença afeta somente as plantas hospedeiras do fungo, sem riscos à saúde humana.
Monilíase no Brasil
O primeiro foco da praga no Brasil foi identificado em julho de 2021, em área residencial urbana no município de Cruzeiro do Sul, no Acre.
Em novembro de 2022, o segundo foco foi detectado no município de Tabatinga, Amazonas, em comunidades rurais ribeirinhas. Ambos os estados estão sob ações permanentes de controle, visando a erradicação da praga.
Na América do Sul, a monilíase do cacaueiro já está presente no Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Peru, representando um desafio significativo para a produção de cacau na região.