A Polícia Federal (PF) abriu uma investigação para apurar possíveis fraudes no leilão organizado pelo governo federal para a compra de arroz beneficiado. O edital do leilão foi anulado devido a suspeitas de irregularidades, e todo o processo passará por uma revisão rigorosa.
Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), emitiu uma nota oficial informando que determinou à Corregedoria-Geral da estatal a abertura imediata de um processo de averiguação sobre todos os aspectos do leilão. Além disso, a Conab solicitou à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Polícia Federal uma análise detalhada de todo o processo licitatório.
“Essas medidas têm como objetivo garantir toda a transparência neste processo, bem como prestar contas e dar a tranquilidade que a sociedade brasileira merece”, afirmou Pretto na nota.
O caso ganhou maior proporção com a revelação de que duas corretoras ligadas a um ex-assessor do ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, intermediaram a venda. As empresas vencedoras do leilão não possuíam expertise no setor agrícola uma era uma mercearia de bairro, outra uma fabricante de sorvetes e a terceira, uma locadora de carros.
Crítica leilão de arroz
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, criticou a decisão, afirmando que não há “a mínima necessidade técnica” para a compra de arroz importado. Segundo ele, a produção nacional é suficiente para atender a demanda interna, tornando a importação desnecessária.
Ele menciona que houve um crescimento na produção e na extensão das áreas cultivadas no começo deste ano, o que conseguiu compensar as perdas da safra afetada no Rio Grande do Sul em 2023/24. Aproximadamente 85% da colheita já havia sido concluída antes dos eventos climáticos severos, resultando em uma perda estimada de apenas 15% na produção.
Demissão
O escândalo levou à demissão do secretário, que teve um papel crucial na aproximação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o agronegócio durante a campanha de 2022.
A compra direta de arroz pelo governo havia sido anunciada como uma estratégia para evitar a alta nos preços do produto após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, impactando a produção local. No entanto, as suspeitas sobre a capacidade técnica e financeira das empresas vencedoras levantaram sérias dúvidas sobre a integridade do processo.
Edegar Pretto confirmou que, devido às suspeitas, o edital foi anulado e ainda não há uma nova data prevista para a realização do certame. A Conab e as autoridades federais trabalham agora para garantir que os próximos passos do processo sejam conduzidos com a máxima transparência e rigor técnico, de modo a assegurar a confiabilidade das operações e a confiança da sociedade.
O setor agropecuário, um dos pilares da economia brasileira, aguarda com apreensão os desdobramentos da investigação e as medidas que serão adotadas para evitar que situações similares ocorram no futuro.