A seca prolongada é um dos desafios mais preocupantes enfrentados pelo Brasil nos últimos anos, com impactos profundos em diversas áreas.
O fenômeno não apenas ameaça a produção agrícola, essencial para a economia do país, como também coloca em risco o abastecimento de água para milhões de brasileiros.
À medida que as condições climáticas se agravam, os efeitos da escassez de água se fazem sentir no campo, com prejuízos significativos para a pecuária e as plantações, e nas cidades, onde o aumento da demanda e a redução dos recursos hídricos elevam os custos.
Seca prolongada no Brasil
A última atualização do Monitor das Secas, coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), revela que a severidade da seca aumentou entre junho e julho em várias regiões do Sudeste.
Os estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo foram os mais afetados, registrando uma intensificação significativa da seca nesse período.
Em agosto de 2024, de acordo com o Índice Integrado de Seca (IIS3) do CEMADEN, houve uma leve melhora em algumas regiões do Brasil, mas cerca de 200 municípios ainda enfrentam uma situação de seca extrema, o que traz sérias consequências para o abastecimento de água.
O estado de São Paulo é o mais afetado, com 82 cidades em condições críticas, seguido por Minas Gerais com 52 municípios, Mato Grosso com 24, Goiás com 12 e Mato Grosso do Sul com 8.
Além do impacto nas áreas urbanas e rurais, as comunidades indígenas também enfrentam uma situação alarmante. Em agosto, 45 territórios indígenas foram registrados em condições de seca extrema, um aumento em relação a julho, agravando os desafios de acesso à água e à subsistência para essas populações.
As previsões para setembro também não são animadoras e indicam uma possível piora na situação da seca em várias regiões do Brasil.
De acordo com o IIS3, o fenômeno deve se agravar em estados como Amazonas, Mato Grosso e Goiás. Na Bacia do Rio Paraná, a seca severa ou extrema persiste, mantendo a situação em estado crítico.
Na agricultura, a seca já causou impactos profundos na produção, especialmente nas áreas de pastagens. Aproximadamente 963 municípios tiveram mais de 80% de suas áreas agroprodutivas afetadas em agosto, comprometendo a pecuária e aumentando os riscos de elevação dos custos dos alimentos no futuro.
A continuidade da crise hídrica representa um desafio significativo para o agronegócio e para o abastecimento alimentar no país.
Economia
A falta de chuvas também impacta diretamente o bolso dos brasileiros. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que, em setembro, a bandeira tarifária será vermelha nível 1, o que resultará em um aumento nas contas de luz.
Isso ocorre porque, com a seca prolongada, as hidrelétricas estão gerando menos energia, forçando o uso de usinas termelétricas, que produzem eletricidade a um custo mais elevado.
A última vez que esse nível foi acionado foi em agosto de 2021, durante outra crise hídrica severa. Desde então, o país vinha operando com bandeiras tarifárias mais baixas ou até mesmo verdes, sem cobranças adicionais.