A Embrapa Meio Ambiente (SP) desenvolveu um dispositivo que monitora em tempo real a transmissão de calor nas frutas durante o tratamento hidrotérmico.
Esse processo é crucial para o controle de doenças após a colheita e para a preservação da qualidade dos frutos, atendendo aos requisitos dos mercados internacionais.
Transmissão do calor nas frutas
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O novo dispositivo é fundamental para validar o tratamento hidrotérmico em grande escala. Ele monitora como o calor se distribui da superfície até o interior das frutas, garantindo que a temperatura aplicada seja suficiente para eliminar patógenos sem prejudicar a qualidade do produto. O tratamento térmico não só elimina microrganismos nocivos, como também fortalece a defesa natural das frutas.
Ele ainda é utilizado para estudar a transmissão de calor durante o tratamento hidrotérmico por aspersão de água aquecida sobre frutas em movimento e consiste em um registrador eletrônico de dados protegido dentro de um recipiente.
A fruta é posicionada em um espaço ajustável, e sensores de temperatura (termopares) são conectados, com uma ponta inserida em diferentes profundidades da fruta e a outra ligada ao registrador eletrônico, permitindo o monitoramento do calor em tempo real durante o processo. Com isso, é possível ajustar a temperatura para evitar danos à qualidade das frutas.
Perdas pós-colheita

O Brasil considerado o maior exportador global de suco de laranja e destaque na produção de frutas como manga, melão e mamão, enfrenta um sério problema, as perdas pós-colheita. Devido a transporte inadequado, falta de refrigeração e tratamentos ineficazes, toneladas de frutas são descartadas anualmente.
Entre as doenças que podem afetar as frutas na pós-colheita estão as manchas necróticas e podridões causadas pelo fungo Neofusicoccum parvum. Perdas significativas também são geradas devido ao Fusarium pallidoroseum, vítus que acomete o melão, durante o transporte e o armazenamento.
Com isso, a pesquisa da Embrapa aponta o tratamento hidrotérmico como uma solução sustentável para o controle de doenças pós-colheita. Essa técnica utiliza aspersão de água quente sobre escovas rolantes para desinfestar as frutas e ativar seus mecanismos naturais de defesa.
Com o aumento das restrições ao Limite Máximo de Resíduos (LMR) de agrotóxicos em mercados internacionais, como União Europeia e Estados Unidos, o setor frutícola brasileiro busca alternativas menos químicas e mais sustentáveis.
Além disso, os microrganismos que atacam frutas muitas vezes produzem micotoxinas, substâncias que tornam os alimentos impróprios para consumo humano. Frutas como mamão e melão, por serem mais suculentas, são especialmente vulneráveis a esses agentes.