Nesta quarta-feira (19/4), o Brasil celebra o Dia dos Povos Indígenas, data importante de se fazer memória dos primeiros habitantes do nosso país.
Há milhares de anos, a comunidade indígena vem contribuindo com o desenvolvimento da agricultura nacional por meio de técnicas de manejo do solo e conhecimentos tradicionais sobre cultivo de alimento, entre outros. No entanto, muitas vezes essa contribuição é desprezada, e os indígenas são marginalizados no setor agrícola.
Ter estes povos participando ativamente da agricultura no país é essencial para a promoção de um agro sustentável, já que eles possuem um conhecimento profundo sobre as plantas, animais e ecossistemas locais.
Sendo assim, preservar as técnicas indígenas na agricultura é fundamental para a segurança alimentar desses povos, que dependem da terra e dos recursos naturais para sua sobrevivência.
Segundo mostra o Censo Agro 2017, a presença de povos indígenas na agricultura nacional representa apenas 1,12%, evidenciando a carência de políticas públicas que possam tornar o agronegócio brasileiro mais diversificado e inclusivo.
Além disso, a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes, destaca a característica familiar do trabalho das comunidades indígenas que, em sua maior parte, é voltada para o autoconsumo.
É através de uma agricultura diversificada, que os povos originários garantem a alimentação de suas famílias. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 67,08% dos estabelecimentos agropecuários indígenas se concentram na produção de horticultura, para consumo próprio e dos familiares.
Entre os principais produtos cultivados está a pimenta, o cará e batata-doce. Por outro lado, na lavoura temporária, é comum encontrar cultivos de mandioca, milho em grão, abacaxi e feijão fradinho, que os diferenciam dos demais produtores.
Povos indígenas adotam práticas agrícolas sustentáveis com menos agrotóxicos e maior diversidade
De acordo com o Censo Agro 2017, os estabelecimentos administrados por indígenas apresentam uma produção mais diversificada, com 43,24% classificados como diversificados e muito diversificados.
Por outro lado, nos estabelecimentos cujos produtores se declararam como amarelos, a produção é mais especializada, com 29,89% classificados como super especializados, ou seja, concentrada em um número menor de produtos.
Na agricultura indígena, a utilização de agrotóxicos foi registrada em apenas 11,99%, enquanto em estabelecimentos dirigidos por produtores pretos, pardos, amarelos e brancos, essa taxa foi maior, respectivamente, 23,14%, 25,27%, 40,44% e 44,12%.
Isso evidencia que a promoção de uma agricultura sustentável deve contar com a participação ativa dos povos indígenas e o reconhecimento de seus conhecimentos e práticas.