As exportações de milho, em dezembro, bateram recorde. Foram comercializadas com o mercado externo 6,41 milhões de toneladas de grãos, considerado o melhor desempenho para o período na série histórica. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O resultado superou, inclusive, dezembro de 2015 quando as vendas de milho para o mercado externo atingiram 6,27 milhões de toneladas.
E o ritmo acelerado de vendas se repete neste início de ano. Somente nos 15 primeiros dias úteis de janeiro, já foram exportados 4,2 milhões de toneladas, superando em 54% o volume registrado no mesmo período de 2022.
De acordo com o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira, o alto volume exportado em dezembro com destino à China, melhora as perspectivas de comercialização do cereal para a Ásia. Apenas a China importou, no mês, 1,1 milhão de toneladas de milho do Brasil.
Contudo, o que se projeta é uma alta nas cotações. O motivo são os menores níveis de estoques e maior demanda. Há ainda o corte na produção para a temporada 2022/2023, tanto na primeira safra brasileira quanto na estimativa de colheita nos Estados Unidos, o que deve encarecer o preço do milho.
Mercado de soja deve seguir mesmo cenário das exportações de milho
Com relação à soja, a oleaginosa também deve ter aumento nos preços no mercado doméstico ao longo de 2023, que pode ser explicado, sobretudo, pelos problemas climáticos de seca registrados na Argentina.
A expectativa é que a produção na safra 2022/23 varie entre 35,5 a 41 milhões de toneladas, conforme a Bolsa de Cereales, podendo registrar uma nova quebra no vizinho.
“Com a quebra de safra na Argentina, o Brasil deve continuar com fortes exportações de farelo e óleo de soja em 2023. Além disso, a possibilidade de elevação do percentual de 10% para 15% de biodiesel ao diesel, deve manter os esmagamentos elevados. A estimativa de exportações brasileiras de soja também deve ser elevada, dando assim, sustentação aos preços nacionais”, ressalta o superintendente da Companhia.
Para o trigo, o movimento é o oposto, com queda nos preços no mercado interno. A produção recorde registrada no país, com cerca de 9,7 milhões de toneladas colhidas em 2022, impacta na maior oferta do produto no mercado, o que leva à redução registrada.
“No entanto, a quebra da safra argentina e a questão do câmbio podem minimizar a pressão baixista”, explica a analista de mercado da Conab, Flávia Starling.