O impacto da tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros completa dois meses e revela quedas significativas e disseminadas entre os estados com pautas mais concentradas e forte presença de itens tarifados.
Com base na análise da IBRE-FGV, os estados mais afetados estão concentrados no Nordeste e em polos agrícolas e industriais estratégicos.
Impacto da tarifa dos EUA

Considerando toda a pauta de exportação, os seis estados com maiores quedas percentuais foram: Mato Grosso (–81,0%), Tocantins (–74,3%), Alagoas (–71,3%), Piauí (–68,6%), Rio Grande do Norte (–65,0%) e Pernambuco (–64,8%).
Desses, quatro são nordestinos, confirmando a expectativa de forte impacto regional. As razões incluem pautas concentradas, maior exposição a itens tarifados e embarques irregulares, com picos antecipados que intensificam a retração subsequente.
No segundo grupo, com quedas entre 40% e 60%, estão Mato Grosso do Sul (–57,8%), Paraná (–56,3%), Santa Catarina (–54,9%) e Rio Grande do Sul (–51,5%). Nesses estados, a retração se relaciona principalmente a produtos intermediários e bens de capital, com efeitos do adiantamento de embarques nos meses anteriores.
Já o terceiro grupo, com perdas de 20% a 40%, inclui Pará (–37,2%), Rondônia (–33,4%), Rio de Janeiro (–26,8%) e Espírito Santo (–25,1%), com Minas Gerais como caso à parte, registrando queda de 50,5% devido à concentração em produtos metálicos e semiacabados.
Quando analisado em valores absolutos, os estados mais prejudicados são Minas Gerais, com perda de cerca de US$ 236 milhões, seguido de Santa Catarina (–US$ 95,9 mi), Rio Grande do Sul (–US$ 88,8 mi), Rio de Janeiro (–US$ 88,8 mi) e Paraná (–US$ 82,4 mi). Mesmo São Paulo, com queda percentual modesta de –7,7%, registrou redução de cerca de US$ 94 milhões devido à elevada base de exportação.
Entre os estados que resistiram ou reagiram, destacam-se Goiás (+20,9% no ano; +63,3% no mês) e Ceará (+152,9% no ano; +12,0% no mês), evidenciando mudanças de mix e melhor organização de embarques. Bahia e Amazonas registraram quedas modestas no comparativo anual, enquanto Sergipe e Roraima apresentaram altas expressivas, embora partindo de bases muito pequenas.
Confira o ranking dos estados mais afetados pelo grupo não isento:

No núcleo de produtos tarifados, considerado o coração do tarifaço, as quedas mais intensas superaram 70% em oito estados, sendo:
- Acre: –99,9%
- Maranhão: –76,6%
- Mato Grosso do Sul: –75,8%
- Mato Grosso: –75,7%
- Tocantins: –74,3%
- Rio Grande do Norte: –71,8%
- Alagoas: –70,1%
- Piauí: –68,7%
Além disso, com perdas de 50% a 60%, aparecem polos industriais mais sólidos, como Santa Catarina (–61,3%), Paraná (–56,4%) e Rio Grande do Sul (–49,1%), representando perdas de aproximadamente US$ 90 mi, US$ 80 mi e US$ 72 mi, respectivamente. Minas Gerais (–49,6%) perde cerca de US$ 136,5 mi em produtos não isentos, enquanto Rio de Janeiro, Paraíba, Rondônia e Sergipe também registram retrações relevantes.
O cenário confirma que o tarifaço teve efeito diferenciado por estado, dependendo da concentração de produtos, da presença de itens tarifados e da capacidade de reorganização do fluxo exportador.







