Um novo estudo está avaliando sementes nativas da Mata Atlântica, do Cerrado e da Amazônia com o objetivo de aprimorar técnicas de recuperação de áreas degradadas.
A pesquisa busca entender melhor a germinação, conservação e qualidade das sementes, essenciais para projetos de restauração ambiental nos três biomas.
Sementes nativas

A expectativa é impulsionar a produção de sementes de alta qualidade e aumentar a produtividade nos projetos de restauração.
Juliana Müller Freire, pesquisadora da Embrapa Agrobiologia (RJ), destaca que a iniciativa é uma oportunidade para preencher lacunas de conhecimento e avançar na tecnologia de sementes florestais.
O desafio, segundo a cientista, está na grande diversidade de espécies e no desconhecimento sobre o comportamento da maioria delas. Além disso, a obtenção de sementes em quantidade significativa e o beneficiamento, processo que muitas vezes carece de técnicas e equipamentos adequados, ainda apresentam dificuldades.
Para as pesquisas, a Morfo Brasil enviará mensalmente lotes de sementes coletadas nos três biomas em áreas onde a startup já atua. Cada lote passará por testes de qualidade, incluindo peso de mil sementes, germinação, pureza e teor de água, permitindo determinar tanto a taxa de germinação quanto a quantidade de sementes por quilo.
Paralelamente, os pesquisadores farão revisão de estudos existentes sobre tecnologia de sementes, analisando métodos de conservação, secagem, armazenamento, superação de dormência, além das condições ideais de temperatura e substrato para germinação.
Escassez das sementes

A escassez de sementes de qualidade é apontada como um dos maiores obstáculos para que o Brasil atinja suas metas de restauração. Um estudo da Universidade de Sidney, publicado na revista Forests e coordenado por Danilo Urzedo, estima que seriam necessárias entre 3,6 mil e 15,6 mil toneladas de sementes para cobrir a área estipulada.
A grande variação está diretamente ligada à qualidade dos lotes, sendo que as sementes de alto padrão reduzem a quantidade necessária e os custos dos projetos, enquanto lotes inferiores aumentam drasticamente ambos.
No laboratório, as sementes passam por avaliação física e fisiológica conforme as Regras de Análise de Sementes do Ministério da Agricultura. São observados pureza, presença de pragas, percentual e velocidade de germinação, vigor e aptidão genética, garantindo que as sementes sejam saudáveis e adequadas para o plantio.
Segundo a FAO, a qualidade inclui a capacidade de gerar descendentes robustos; no caso das sementes florestais, fatores como tamanho, peso, cor, umidade, germinação uniforme e adaptabilidade ao local de plantio são determinantes.
Com a parceria, Embrapa e Morfo Brasil esperam não apenas aumentar a oferta de sementes de qualidade, mas também tornar os projetos de restauração mais eficientes e economicamente viáveis, fortalecendo o esforço do Brasil na recuperação de seus ecossistemas.