A Polícia Civil de Goiás investiga um esquema de fraude envolvendo financiamentos agropecuários. O crime causou um prejuízo de R$ 40 milhões à Caixa Econômica Federal.
Entre os suspeitos estão advogados, empresários e uma gerente do banco, que ostentavam uma vida de luxo com o dinheiro obtido de forma ilícita.
Segundo o delegado da Polícia Federal, Vitor Bueno Cardoso, em 2023, mais de 40 veículos foram adquiridos pelo grupo, incluindo carros de luxo, caminhonetes, veículos importados, motos aquáticas e joias, todos financiados com dinheiro que deveria ser destinado a atividades rurais.
“Um dos investigados estava ostentando viagem pela Europa”, acrescentou o delegado.
A investigação começou quando um cartório recusou o registro de uma cédula de crédito rural por suspeita de falsificação e informou a Caixa Econômica Federal.
A instituição então realizou uma apuração interna, identificou os indícios de fraude e repassou a documentação à Polícia Federal. Na terça-feira (16), um empresário e um ‘despachante’, ambos integrantes da organização criminosa e cujos nomes não foram divulgados, foram presos.
Caixa Econômica Federal
Em nota, a Caixa disse que colabora com a Polícia Federal e outros órgãos de segurança pública na identificação e investigação de casos suspeitos, bem como na prevenção e combate a fraudes e golpes. A instituição também destacou que as informações sobre crimes são repassadas exclusivamente às autoridades policiais.
Adicionalmente, esclarecemos que a CAIXA possui estratégia, políticas e procedimentos de segurança para a proteção dos dados e operações de seus clientes e dispõe de tecnologias e equipes especializadas para garantir segurança aos seus processos e canais de atendimento,” acrescenta a nota.
Como funcionava o financiamento
O prejuízo milionário à Caixa Econômica Federal ocorreu entre 2022 e 2023, sendo a organização criminosa dividida em três núcleos:
- Núcleo de gestão: Empresários e advogados.
- Núcleo operacional: Pessoas que firmaram contratos com a Caixa, operadores financeiros e funcionários públicos.
- Laranjas: Envolvidos para ocultar os verdadeiros beneficiários dos crimes.
De acordo com o delegado, até o momento, não há evidências da participação de pessoas ligadas aos cartórios nas fraudes. A gerente do banco facilitava a execução das fraudes ao falsificar documentos relacionados a imóveis rurais.
Além disso, um profissional credenciado pela Caixa Econômica Federal também está envolvido, avaliando imóveis inexistentes ou supervalorizando-os em até 700%.
As falsificações variavam desde as mais grosseiras, como alterações em selos de reconhecimento de assinatura, até as mais sofisticadas, envolvendo certidões de matrícula de cartórios.
Operação “Paper Land”
A operação “Paper Land” cumpriu 18 mandados em 13 endereços nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Acreúna e Rio Verde. Foram bloqueadas contas bancárias dos investigados e sequestrados 48 imóveis e 44 veículos, além da constrição de criptoativos.
Os suspeitos podem responder por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção. Caso condenados, as penas podem ultrapassar 42 anos de prisão.