A avicultura do Rio Grande do Sul enfrenta uma crise sem precedentes devido à recente catástrofe climática que atingiu o estado desde o final de abril. Dados preliminares divulgados entre os dias 5 e 20 de maio mostram um cenário devastador para os produtores e indústrias do setor, com perdas inicialmente estimadas em R$ 182,9 milhões e a morte de aproximadamente 1,5 milhão de aves.
Segundo José Eduardo dos Santos, presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), os números devem subir consideravelmente, podendo ultrapassar a marca dos R$ 240/250 milhões.
“Com certeza vamos superar a casa dos R$ 240/250 milhões de perdas”, afirmou Santos.
Ele destaca que muitas indústrias em regiões de difícil acesso ainda não tiveram seus prejuízos totalmente computados.
Avicultura no Vale do Taquari
A região mais afetada é o Vale do Taquari, no centro do estado, que sofreu sua terceira enchente em menos de seis meses. Esta região é responsável por cerca de 20% da produção avícola do Rio Grande do Sul, agravando ainda mais a situação do setor.
Para mitigar os impactos das perdas, o setor avícola gaúcho está trabalhando na implementação de novas rotas logísticas de abastecimento e no redirecionamento de plantéis. Santos assegura que, apesar dos ajustes necessários, não haverá desabastecimento de produtos avícolas para a população.
“Ainda teremos alguns ajustes na oferta, mas podemos garantir que não teremos desabastecimento, não geraremos esse problema para a população”, garantiu o presidente da Asgav.
A situação demanda atenção e ação rápida para que a avicultura gaúcha consiga se recuperar e continuar a garantir o fornecimento de produtos essenciais à mesa dos brasileiros, minimizando ao máximo os impactos dessa catástrofe.
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Poder de compra de avicultor
Em maio, os preços do frango vivo caíram em relação a abril, enquanto os preços do farelo de soja, um insumo crucial, aumentaram significativamente. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), isso fez com que o poder de compra dos avicultores em relação ao farelo de soja diminuísse, atingindo o nível mais baixo desde dezembro passado.
Até o dia 22 de maio, com a venda de um quilo de frango vivo, os avicultores podiam comprar 2,28 quilos de farelo de soja, uma redução de 13,1% em comparação a abril, o menor volume deste ano.
O Cepea atribui a desvalorização do frango vivo ao enfraquecimento das vendas de proteína e ao aumento da oferta interna, o que levou muitos frigoríficos a reduzirem a compra de novos lotes para evitar aumento nos estoques.