O Sisteminha, que produz vegetais e animais em pequenos espaços para consumo local, será reproduzido em cerca de mil propriedades familiares em todas as regiões do Brasil, com o objetivo de combater a fome no campo.
O projeto chamado Sisteminha Comunidades foi desenvolvido nos laboratórios da Universidade Federal de Uberlândia, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais e aperfeiçoado na Embrapa.
Sisteminha: produção de vegetais e animais
Aplicada com sucesso em comunidades no Brasil e na África, a tecnologia será multiplicada em escala nacional por meio de ações do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), com apoio da Embrapa, Institutos Federais de Educação Técnica e outras instituições.
O MDA irá investir R$ 14 milhões iniciais e está organizando a formação de uma rede nacional para levar o Sisteminha Comunidades a mil localidades nas cinco regiões brasileiras, no prazo de 36 meses.
Entretanto, a ideia é que a rede não se limite a mil famílias e que continue crescendo, gerando segurança alimentar a muito mais pessoas.
O papel da Embrapa é intensificar o trabalho de transferência de tecnologia e levar as soluções para as comunidades e povos tradicionais como quilombolas, indígenas e outros grupos sociais.
Combate à fome
O criador do Sisteminha, o pesquisador Luiz Carlos Guilherme, da Embrapa Cocais (MA) explicou que a tecnologia foi concebida para ser uma solução efetiva ao problema da fome, com a qual a comunidade é capaz de produzir o próprio alimento, sendo para qualquer cidadão que queira aumentar a diversidade de alimentos seja no meio rural, urbano e periurbano.
A Embrapa assinou um Termo de Execução Descentralizada (TED) com o MDA para cumprir o desafio de contribuir com o Governo Federal na redução da insegurança alimentar e no combate à fome.
Sisteminha de produção de alimentos
O Sisteminha é um projeto de baixo custo inicial que integra a criação de peixes à produção vegetal e outros tipos de criação. Projetada para pequenas propriedades, a partir de 100m2, a tecnologia é voltada à prover subsistência ao seus usuários, mas com o tempo gera excedentes de produção, que podem ser comercializados.
O sistema pode ser adaptado às necessidades, experiências e preferências do produtor e condições de clima, solo, água e mercado locais.
O projeto foi implantado com sucesso em comunidades no Maranhão, onde virou política pública sendo implantado nos 30 municípios mais carentes do estado. Também tirou da fome famílias em países africanos como Gana, Uganda e Moçambique. E agora com a parceria com o MDA ganhará escala e se expandirá para todo o Brasil.
Expansão
A expansão do sisteminha acontecerá por meio de uma rede formada por institutos federais de educação, universidades públicas, organizações de assistência técnica e extensão rural, pesquisadores da Embrapa, associações, entre outros.
“Os agentes de ATER irão até as comunidades para fazer a capacitação nas comunidades e, ao mesmo tempo, identificar aqueles produtores que têm habilidade e aptidão para trabalhar na instalação. Eles passarão a ser referência no território. E assim garantimos que o conhecimento permaneça no local e se multiplique, trazendo mais autonomia para os agricultores”, explicou o chefe-geral da Embrapa Cocais, Marco Bonfim.
Em uma primeira etapa, a estratégia de expansão será aplicada onde já existe uma base de conhecimento do sisteminha: nas regiões de Paulistana (PI), Arari (MA), Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) e posteriormente nas demais regiões do Brasil, no Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste.