Os sistemas integrados de lavoura, pecuária e floresta trazem inúmeras possibilidades para aumentar a produção de alimentos em uma mesma área e contribuir na recuperação de áreas degradadas.
Atualmente, o Brasil tem cerca de 50% das áreas de pastagens em algum grau de degradação. Diante disso, o país tem um enorme desafio à frente de produzir alimentos para uma população cada vez mais crescente. Isso, sem abrir novas áreas para pastagens e cultivos.
Neste contexto, a a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) se apresenta como uma alternativa de produção viável que possibilita cultivar, em uma mesma área, diversas espécies agrícolas, florestais e pecuária.
De acordo com a Zootecnista e Técnica de Sementes e Sustentabilidade da SOESP, Marina Lima, esse cultivo pode ocorrer de três formas:
- Rotação: quando se alterna de forma ordenada e cíclica diferentes culturas agrícolas em uma mesma área produtiva;
- Sucessão: quando o produtor repete uma sequência de duas espécies vegetais na mesma área por vários anos;
- Consórcio: quando duas ou mais culturas agrícolas são cultivadas na mesma área agrícola em um mesmo período de tempo.
A utilização dos sistemas IPLF trazem diversos benefícios ambientais, econômicos e sociais, além de tornar o uso da terra mais eficiente.
“A ILPF é uma tecnologia que contempla os três pilares da sustentabilidade. O futuro é integrado, dificilmente um produtor que adota a ILPF voltará a utilizar sistemas em monocultivo”, destaca Lima.
Conheça os tipos de sistemas integrados
Entre os sistemas integrados que podem ser adotados pelos produtores, se destacam quatro modalidades:
- Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou Agropastoril: é composta por espécies agrícolas e pecuárias, em consórcio, sucessão ou rotação em um mesmo ano agrícola ou por vários anos. Nessa modalidade não há a presença do componente arbóreo e é a modalidade mais adotada pelos produtores rurais, com aproximadamente 83% de adoção;
- Integração Lavoura-Floresta (ILF) ou Silviagrícola: com este sistema de produção há a integração de espécies florestais em consórcio com cultivos agrícolas anuais ou perenes. É a mais adotada por pequenos produtores e não pode ter a presença do animal. Cerca de 1% dos produtores adotam essa modalidade;
- Integração Pecuária-Floresta (IPF) ou Silvipastoril: é composta pela integração pecuária (pastagem e animais) e espécies arbóreas, em consórcio. É adotada por cerca de 7% dos produtores rurais e mais utilizada em áreas que não possuem aptidão agrícola ou com topografia que dificulte o uso de maquinários agrícolas;
- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou Agrossilvipastoril: este sistema integra espécies agrícolas, florestais e pecuária (pastagem e animais) em rotação, consórcio ou sucessão. É adotada por 9% dos produtores rurais.
A escolha da modalidade mais adequada e das espécies para compor o sistema deve ser feita com base na análise das características da região, condições climáticas, ao mercado local e objetivos do produtor, podendo ser adotada por pequenos, médios e grandes produtores rurais.
Além disso, o tempo de utilização de cada componente na ILPF vai depender do sistema utilizado.
No caso da pecuária, por exemplo, pode ser utilizada por três meses a cinco anos e retornar com a lavoura que pode ser utilizada por cinco meses ou até cinco anos.
Já o componente florestal pode ser utilizado por um período curto ou longo, dependendo da espécie e finalidade.