Equipamento portátil desenvolvido pela Embrapa com apoio da iniciativa privada, monitora a qualidade do leite cru no local de produção. A tecnologia em fase experimental de validação, permite acesso aos dados da análise de forma remota via conexão de rede Wi-fi.
Chamado de SondaLeite, o sistema é capaz de detectar com precisão de segundos, um problema complexo que é a incidência do leite inevitavelmente não ácido (Lina), que traz grandes prejuízos à cadeia leiteira no Brasil.
Desenvolvimento do equipamento que analisa o leite
Desenvolvido pela Embrapa Instrumentação (SP) em parceria com a Embrapa Clima Temperado (RS), com o apoio da Dairy Equipamentos, sediada em Curitiba (PR), o SondaLeite utiliza flashes de luzes para constatar em 25 segundos as diferentes condições do leite cru , se normal, Lina ou ácido.
Com os resultados alcançados na fase experimental de validação, a tecnologia que pode ser operada por qualquer sistema operacional de computador, celular ou tablet, entra agora no processo de licenciamento para a iniciativa privada, para que seja realizada a produção em escala e disponibilizada ao setor leiteiro uma maneira confiável de detectar a estabilidade do produto.
- O sistema portátil poderá ser utilizado direto no campo, acoplado em caminhões de coleta a granel, em laboratório e até instalado nos tanques de resfriamento, em laticínios e cooperativas.
Além de monitorar a qualidade do leite, com resultados controlados, pode ser incrementado para funções múltiplas, como detectar mastite e também adulterações.
Equipamento detecta perda de proteína do leite
- O desafio da cadeia leiteira é a identificação do Lina, alteração na qualidade do leite por conta da perda de estabilidade da caseína, principal proteína do leite. A instabilidade acontece quando o leite submetido ao teste de álcool, também conhecido como Alizarol, talha. Ao coagular na presença da solução alcoólica é confundido com o leite ácido sem, mas, há acidez alta.
O Lina é um desafio para a bovinocultura de leite e não tem causa totalmente esclarecida. Muitos estudos o associam a fatores nutricionais: deficiência nutricional e de energia, restrição alimentar, excesso de proteína degradável no rúmen, deficiência de proteína metabolizável, acidose metabólica, acidose ruminal, alterações na dieta, férias em estágio inicial ou final de lactação.
O teste de álcool, usado há mais de cem anos apresenta resultados subjetivos e sujeitos a falhas humanas. Ele é realizado em cerca de três minutos, momentos antes da coleta do leite nas fazendas, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para avaliar a qualidade do produto quanto à acidez e à estabilidade térmica, conforme indica a Instrução Normativa 76, de 26/11/2018.
A norma indica que antes da coleta no local de produção, o leite deve ser agitado e provado no álcool na concentração mínima de 72°GL, precisando estar estável, ou seja, não ter precipitação. Para que o leite seja aceito na indústria, é necessário composição química mínima de 3% de gordura, 2,9% de proteína e 8,4% de extrato desengordurado, e o produto deve ser estável ao álcool ou alizarol a 72%.
Potencial do SondaLeite
Com a necessidade de um teste rápido que identifica o leite cru normal, Lina ou ácido, adequadas ao processamento térmico, o SondaLeite é uma ferramenta com potencial para eliminar a interferência humana, minimizar os prejuízos da cadeia leiteira, principalmente dos pequenos produtores.