Começou a ser testado no Brasil em 2022, um equipamento que permite capturar e simular sinais aéreos para detectar doenças em plantas no estágio inicial, como lavouras de soja por meio de inteligência artificial (IA).
A pesquisa foi desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em parceria com as empresas Macnica DHW e InnerEye, sendo a última desenvolvedora do equipamento BrainTech, que faz a tomada dos sinais neurais de especialistas, por meio de um capacete com eletrodos, semelhante a um eletroencefalograma (EEG).
O sistema simula o funcionamento cerebral no momento em que especialistas visualizam imagens de plantas doentes, automatizando a rotulagem e tornando a etapa mais rápida e eficiente. Os investigadores esperam dar rapidez às tomadas de decisão, diminuir perdas em empreendimentos rurais e racionalizar o uso de recursos naturais.
O sistema já é utilizado em aeroportos europeus para identificar objetos perigosos em malas. Em 2019, a Macnica DHW teve a ideia de explorar a tecnologia no agronegócio e chamou a Embrapa. A primeira aplicação foi a detecção precoce de doenças em plantas, cujos experimentos começaram em abril de 2022.
Inteligência artificial em experimento
O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Jayme Barbedo, que lidera o projeto pela empresa afirma que a utilização da IA vai acelerar o processo de obter dados de qualidade e facilitar sua análise, período que demora muito tempo em condições normais.
Os primeiros resultados foram positivos, o equipamento ajudou a identificar, com alta precisão as folhas doentes, com oídio e ferrugem da soja (a primeira relevante na Região Sul do Brasil e a segunda é a principal doença que afeta a cultura) e diferenciar das saudáveis.
O próximo passo é ir além da detecção de plantas doentes/não doentes, para identificar o tipo de doença presente no cultivo da soja, começando pelas evidências mais comerciais. Será articulada a inclusão das culturas de milho e café nos experimentos com os centros de pesquisa da Embrapa.
Em abril, o equipamento foi trazido para o Brasil até a sede da Macnica DHW, em Florianópolis (SC). Lá, montaram estrutura de captura dos sinais aéreos de dois fitopatologistas, que avaliaram cerca de 1,5 mil imagens de folhas doentes e saudáveis pelo capacete coletor.
A etapa mostrou que os modelos gerados a partir dos eletroencefalogramas dos especialistas são capazes de lidar bem com imagens, permitindo treinar a máquina para identificar plantas doentes.
Aplicações no agronegócio
Os modelos treinados poderiam ser colocados em maquinário agrícola, aplicativos de celular e atuar em atividades com carência de mão de obra especializada. Isso ajudaria na aplicação mais racional de defensivos, com menos custo econômico e menor impacto ambiental, que tornaria a produção de alimentos mais sustentável.
Pode ser usado ainda como tecnologia na estratégia de rotação das pastagens da pecuária leiteira, área em que faltam especialistas. A escolha da melhor localização dos piquetes e quantidade ideal de animais para maximizar a produção do leite, é feita por técnico, mas o sistema poderia simular a atividade desse especialista.
Saiba mais sobre a Inteligência Artificial do equipamento BrainTech.