O Brasil deve começar a financiar exportações de manufaturados para Argentina. Com a proposta, um grupo de trabalho irá avaliar a criação de uma “unidade de conta sul-americana”.
Conforme apurado pela CNN, a proposta se assemelha a um financiamento à exportação de produtos brasileiros para a Argentina e vice-versa.
Com a nova política, Argentina e Brasil poderão fazer negócios sem a utilização do dólar, o que é bom para o país vizinho que tem apenas US$ 7 bilhões em reservas internacionais.
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O mecanismo funcionaria da seguinte forma: bancos brasileiros, sejam eles públicos ou privados, financiariam empresas argentinas que queiram comprar produtos do Brasil com aval do Tesouro brasileiro.

Em contrapartida, o Brasil pede da Argentina como garantia, por exemplo, os recebíveis dos contratos de exportação de gás natural. O país vizinho é um dos mais importantes exportadores de gás do mundo.
Essa mesma política já foi utilizada nas relações do Brasil com a Angola, importante exportadora de petróleo que, inclusive, foi considerada um sucesso.
Por outro lado, na relação com Cuba que forneceu seus charutos como garantia ao Brasil, foi mal-sucedida.
Presidente da Associação Brasileira de Exportadores disse que proposta financiar exportações de manufaturados para Argentina é positiva para o Brasil

Em uma entrevista à CNN, o presidente da Associação Brasileira de Exportadores (ABE), José Augusto de Castro, disse ser positiva a proposta de financiamento às exportações de manufaturados brasileiros para Argentina.
Para ele, os Argentinos só não compram mais por que não tem divisas. Além disso, o país vizinho foi por anos o principal mercado para produtos manufaturados brasileiros.
“Hoje estamos em segundo lugar, perdemos para a China. Retomar essa posição será boa para a indústria nacional”, disse à CNN.
Atualmente, a própria China financia os importadores argentinos, o que melhorou a relação entre os dois países, colocando o país asiático na posição de maior exportador para Argentina em 2021.
Além disso, Castro lembra que há 10 anos o Brasil exportava cerca de $20 bilhões de dólares por ano aos Argentinos. Atualmente, este número caiu e a conta chega a US$ 15 bilhões, 95% de produtos manufaturados.
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Outro ponto levantado pelo presidente da ABE é a proximidade dos países sul-americanos, que favorece a logística, além de fortalecer a indústria de transformação brasileira.
“Se não melhorarmos as condições de pagamento dos argentinos podemos perder ainda mais. Ao garantir a capacidade de compra deles, os exportadores brasileiros têm mais segurança e o país pode gerar mais empregos qualificados”, explica.