A produção industrial brasileira avançou apenas 0,1% em junho de 2025 frente ao mês anterior, em movimento de estabilidade que esconde importantes recuos em segmentos diretamente ligados ao agronegócio.
Dados do IBGE mostram que, apesar do leve crescimento no consolidado, a indústria de alimentos e bebidas, bem como a produção de insumos agrícolas e derivados da agroindústria, apresentaram retrações expressivas, com impacto direto no desempenho do setor.
Produção industrial

Entre os principais destaques negativos está a indústria de produtos alimentícios, que caiu 1,9% em junho e acumulou o quarto mês consecutivo de queda, somando retração de 3,6% no período.
Também registraram recuo os segmentos de bebidas (-2,6%) e de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,3%), este último pressionado pela menor produção de álcool etílico, um dos principais biocombustíveis utilizados na cadeia agroenergética nacional.
Na comparação com junho de 2024, a produção industrial caiu 1,3%, sendo novamente os setores vinculados ao agro os que mais contribuíram negativamente.
A indústria de alimentos recuou 3,2% no período, puxada pela menor produção de sucos concentrados de laranja, açúcar (nas versões VHP, cristal e refinado), carnes de aves congeladas, arroz, farinha de trigo, café torrado e moído, biscoitos e bolachas. A produção de bebidas também teve retração anual de 5%.
Bens de consumo

No grupo de bens de consumo semi e não duráveis, a queda foi ainda mais acentuada: -8,8% ante junho do ano passado, com destaque para o grupo de carburantes (-27,6%), fortemente afetado pela redução na fabricação de álcool.
O subsetor de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico caiu 3,2%, com impacto direto do menor ritmo de produção de itens amplamente ligados à agroindústria. O único alívio veio do subsetor de alimentos básicos, que cresceu 30%, puxado pela alta na produção de peixes congelados e filés frescos.
Apesar do cenário desafiador para a indústria agroalimentar, alguns setores ligados ao campo apresentaram avanço. A produção de bens de capital agrícolas, por exemplo, cresceu 2,4% na comparação anual, enquanto máquinas e equipamentos em geral subiram 1,9%. O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, que inclui máquinas agrícolas, teve alta de 1,4%.
No acumulado de janeiro a junho, a indústria brasileira cresceu 1,2%. Os destaques positivos vieram de indústrias extrativas (3,2%), veículos automotores (5,7%), máquinas e equipamentos (8,5%), produtos químicos (4,1%) e metalurgia (4,7%), todos setores com forte ligação com o agronegócio, seja na cadeia de insumos, transporte ou beneficiamento.