A laranja é uma das poucas frutas que o consumidor tem acesso todos os dias do ano no mundo. O Brasil lidera o mercado sendo o maior produtor da fruta e maior exportador do suco de laranja, que é uma commodity, representando 75% do mercado global do produto.
O país possui 56 mil propriedades rurais que cultivam em uma área de 568 mil hectares com 166 milhões de pés produtivos, sendo São Paulo e o Triângulo Mineiro, maiores produtores dessa fatia com 387 mil hectares, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O Brasil tem um potencial de produzir cerca de 1 milhão de caixas de 40,8 quilos por hectare.
Exportações de suco de laranja
De acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), o Brasil tem cerca de 140 mil toneladas de suco de laranja estocados em boas condições para exportação, sendo o menor volume em 5 anos.
Nos cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os preços da laranja pera avançaram em setembro, mesmo com oferta se mantendo elevada durante o mês, com o pico de colheita da variedade. A média da cotação foi de R$ 47,07/cx de 40,8 kg, na árvore, avanço de 3,7% frente à de agosto e 18,4% acima da ao mesmo mês do ano passado.
O Brasil encerrou a safra 2022/23 — concluída em junho — com 1,09 milhão de toneladas de suco de laranja exportadas, alta de 9% em relação à safra anterior, que gerou um faturamento de US$ 2,1 bilhões, aumento de 28% em comparação à temporada 2021/22, segundo dados Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC). Os Estados Unidos e Europa são os maiores importadores, com total de 98% dos embarques.
Demanda crescente X Doença de greening
Na análise da CitrusBR, há uma certa restrição da oferta, por conta das três últimas safras que o clima não contribuiu; o que provoca uma maior valorização do produto. Desde a safra 2015/16, a área produtiva de laranja caiu 16,5%. Mesmo assim, na safra mencionada, o Brasil produzia 745 caixas por hectare, mas hoje já produz mais de 910 caixas por hectare, um grande avanço de produtividade, com maior qualidade de manejo.
Entretanto, os citricultores brasileiros vêm sofrendo para produzir mais com a doença do greening, que provoca redução do número de árvores e erradicação de pomares, já que não há cura para as plantas doentes. As novas árvores afetadas não chegam a produzir e as adultas em produção sofrem uma grande queda prematura de frutos e definham ao longo do tempo.
Manejo contra a doença
O desafio do citricultor é conter a doença, que exige um alto custo de investimento e o pomar contaminado pode ser inteiramente destruído. Por dar muito prejuízo e não ter tratamento, alguns produtores têm desistido da citricultura e investido em grãos, por exemplo. Nos cálculos do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a incidência do greening cresceu 56% e passou de 24,4% em 2022, para 38,06% dos pomares em média em 2023.
Para os pesquisadores, a rotação entre diferentes ingredientes ativos de inseticidas é um das orientações para evitar o crescimento da população resistente à doença no pomar. Além disso, é recomendado o monitoramento das árvores e a eliminação completa das infectadas.