As exportações do agronegócio brasileiro para os Estados Unidos podem sofrer uma queda expressiva ainda em 2025 com o tarifaço dos EUA.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o impacto das novas tarifas de 50% pode levar à perda de até US$ 5,8 bilhões em exportações ao longo do ano.
Redução das exportações com tarifaço dos EUA
Em 2024, os embarques de produtos agropecuários brasileiros para os EUA somaram US$ 12,1 bilhões. Com o aumento tarifário, a CNA projeta uma redução de 48% nesse volume. A medida deve entrar em vigor no dia 1º de agosto.
Segundo nota divulgada pela entidade, o cálculo leva em conta a elasticidade das importações dos Estados Unidos, um indicador que avalia o quanto o volume importado reage a variações nos preços.
“Assumiu-se que o choque causado nas tarifas seria integralmente transmitido para os preços de importação. Ou seja, uma elevação de 50% nas tarifas elevaria em 50% os preços finais”, explicou a CNA.
A análise foi feita com base em dados de comércio exterior dos EUA dos últimos cinco anos. De acordo com a confederação, a maioria dos produtos agropecuários brasileiros exportados para o país possui elasticidade inferior a -1, o que indica forte sensibilidade a variações de preço e, portanto, maior risco de retração na demanda.
Ainda segundo a confederação, caso as tarifas sejam implementadas como anunciado, será necessário buscar novos mercados compradores e fortalecer acordos comerciais que ajudem a proteger os produtos brasileiros de medidas protecionistas semelhantes.
Produtos mais afetados

Entre os produtos que devem sofrer os maiores impactos está o suco de laranja, que pode ter suas exportações reduzidas a zero. Hoje, o item já enfrenta tarifas entre 5,26% e 6,13%. Com o novo pacote, esse percentual ultrapassaria os 55%, inviabilizando o produto brasileiro no mercado americano.
“Alguns produtos sofrerão mais impacto que outros, caso do suco de laranja, em que a tarifa se tornaria impeditiva para o produto brasileiro”, afirmou a CNA.
Outros produtos com quedas severas previstas incluem:
- Açúcares especiais (de beterraba e de cana): exportações podem cair a zero;
- Etanol: retração estimada de 71% no volume exportado;
- Sebo bovino: queda de 50%;
- Carne bovina: redução de 33%;
- Madeira industrializada (como portas e caixilhos): queda de até 100%;
- Pasta de celulose: recuo de 25%.
Já o café verde, apesar de também ser alvo da tarifa de 50%, teria uma queda menor, de 25% nas exportações. Isso se deve à baixa oferta do produto no mercado internacional nos últimos anos, o que torna sua substituição mais difícil.
“Enquanto isso, produtos como o café verde teriam um menor impacto relativo, devido à queda na oferta do grão no mercado internacional nos últimos anos, o que faz com que a capacidade de substituição seja mais rígida”, destaca a confederação.
