Há mais de três semanas cerca de 300 brigadistas tentam combater o fogo na ilha do Bananal em Tocantins. O incêndio florestal de causas naturais é provocado pelo clima seco, somado à vegetação degradada e aos ventos, o que dificulta ainda mais a ação de combate das brigadas.
Até o momento, estima-se que cerca de 32 mil hectares já tenham sido consumidos pelas chamas. O incêndio representa uma séria ameaça à biodiversidade e ao ecossistema da região.
A parte mais atingida da ilha fica dentro do Parque Nacional do Araguaia. Para combater as chamas, foi montada uma força-tarefa entre o Ibama, ICMbio com apoio da Polícia Rodoviária Federal.
Além das equipes de terra com abafadores, também estão sendo utilizados caminhões, tratores e sete aeronaves, sendo três helicópteros e quatro airtrator (lança-água), além dezenas de veículos.
As aeronaves são utilizadas também para transportar as equipes para os locais mais distantes, além de caminhões especiais e dezenas de veículos e equipamentos.
Desafios no interior do parque
Devido a grande extensão territorial, foram montadas três bases de trabalho dentro do parque para auxiliar no combate às chamas. O local possui 2 milhões de hectares e apenas o Parque Nacional do Araguaia ocupa uma área de 180 mil hectares, tornando a ação da brigada ainda mais desafiadora.
Dos cerca de 300 brigadistas que atuam na linha de frente do combate às chamas, metade é formada por indígenas de quatro etnias, Krao, Xerente, karajá e Javaé.
De acordo com o administrador das brigadas, Majuta Karajá, os incêndios naturais são extremamente preocupantes, pois causam danos irreparáveis à biodiversidade e aos ecossistemas.
“Nós indígenas temos um conhecimento tradicional profundo sobre os ecossistemas, e temos um papel fundamental na preservação das áreas naturais”, disse.
Conhecendo a Ilha do Bananal
A Ilha do Bananal está em uma faixa de transição entre a Floresta Amazônica, o Cerrado e Pantanal. A fauna é rica e diversificada, apresentando animais que habitam o cerrado e a região amazônica.
As espécies mais comuns são a onça-pintada, a arara-azul, o gavião-real e a águia pescadora. Mamíferos ameaçados também são encontrados, como o tamanduá-bandeira, o cervo-do-pantanal, a ariranha e os botos. Já as aves, o local abriga mais de 660 espécies, como a ema, a arara-azul e o uirapuru. Entre os répteis é possível ver tartarugas-da-Amazônia, sucuris, jiboias e jacarés-açus.