O inverno de 2023 foi marcado pelas altas temperaturas, impulsionadas pela presença de intensas massas de ar quente e seco, com temperaturas acima de 30°C em grande parte das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
Nestas regiões, foram mais de 70 dias de forte calor durante a estação. Em algumas áreas da Região Sudeste, como o noroeste de São Paulo, norte e triângulo mineiro, entre 50 a 70 dias foram de temperaturas altas, principalmente em agosto e setembro.
Inverno com ondas de calor
Além das altas temperaturas, a estação foi destacada por eventos de onda de calor, em grande parte do País, especialmente em agosto e setembro. As temperaturas máximas ultrapassaram 40°C em alguns municípios do centro-norte do País, chegando a ser maiores que a média climatológica e acima de 1,5°C.
As maiores temperaturas registradas nas estações meteorológicas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) ocorreram em Cuiabá (MT), no dia 23 de agosto, com 41,8°C, enquanto Balsas (MA) e Bom Jesus do Piauí (PI) atingiram 41,5°C no dia 15 de setembro.
Este cenário pode ser resultado dos primeiros reflexos do fenômeno El Niño em pleno inverno, aliados aos efeitos do aquecimento global. As capitais Cuiabá (MT) e São Paulo (SP), que tiveram o inverno mais quente dos últimos 63 anos. Recordes e mudanças no padrão climático serão cada vez mais frequentes em diversas partes do País.
Chuvas de inverno
Também durante o inverno, as chuvas ficaram mais localizadas sobre o leste da Região Nordeste, noroeste da região amazônica e no sul do País, com volumes superiores a 300 milímetros (mm).
As chuvas ocorridas durante a estação não foram suficientes para atingir a média histórica, principalmente no noroeste da Região Norte, com desvios de 100 a 180 mm abaixo da média esperada.
Já em grande parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste e no Matopiba (área entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), as chuvas foram próximas ou ligeiramente abaixo da média, uma condição comum para esta época do ano.
Mas em algumas áreas do oeste da Bahia, sudeste do Tocantins, centro-norte de Minas Gerais, oeste de Goiás, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Espírito Santo, apesar dos volumes de chuva serem inferiores a 100 mm, foram considerados acima da média histórica.
Na maior parte da Região Sul, com exceção do norte do Paraná, com desvios de chuva abaixo da climatologia, os volumes foram acima da média. Em algumas partes do Rio Grande do Sul, os acumulados foram superiores a 400 mm em média.
Esses acumulados de chuva expressivos foram provocados pela passagem de frentes frias, bem como pela influência de alguns ciclones extratropicais durante a estação, que causaram diversos alagamentos, especialmente no estado gaúcho.
Durante a estação, houve a atuação de massas de ar frio, que causaram queda na temperatura e favoreceram a formação de geadas, com intensidade variando de fraca a forte, mas restritas às regiões serranas da Região Sul do País.