Goiás tem se destacado na combinação entre produção agropecuária e preservação ambiental ao implementar o programa Cerrado em Pé, política estadual de pagamento por serviços ambientais (PSA) que atualmente abrange mais de 15 mil hectares de áreas preservadas.
O mecanismo prevê o repasse anual de R$ 498 por hectare a produtores que mantêm áreas de vegetação nativa além do mínimo exigido por lei.
Já aqueles que se comprometem a recuperar ao menos uma nascente degradada por ano recebem um valor maior, de R$ 664 por hectare. Os recursos utilizados são provenientes do Fundo Estadual do Meio Ambiente (Fema).
Programa Cerrado em Pé

Para participar, o proprietário precisa ter entre dois e cem hectares de área passível de supressão vegetal, isto é, terrenos que poderiam ser destinados à agropecuária. O primeiro edital foi publicado em dezembro de 2024, com prioridade a pequenos produtores, mulheres e famílias em situação de vulnerabilidade social.
Entre as exigências para os contemplados estão a conservação das áreas contratadas, apoio ao monitoramento e prevenção de incêndios, além da preservação de vegetação em Reservas Legais (RL) e Áreas de Preservação Permanente (APP).
Até agosto de 2025, foram analisadas 571 inscrições, das quais 471 foram aceitas em nove municípios do Norte e Nordeste goiano, sendo em Niquelândia, Minaçu, São João d’Aliança, Cavalcante, Monte Alegre de Goiás, Alvorada do Norte, Damianópolis, Mambaí e São Domingos. O programa já desembolsou cerca de R$ 4 milhões.
Redução do desmatamento

Dados da rede MapBiomas apontam que Goiás foi o estado com maior redução de desmatamento em 2024. O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD 2024) mostra que a perda de vegetação nativa caiu 71,9% em comparação a 2023. O número de alertas passou de 3.519 para 659, e a área atingida caiu de 69,3 mil hectares para 19,4 mil hectares no período.
No Cerrado, bioma predominante no estado, a queda absoluta foi expressiva: de 1,1 milhão de hectares desmatados em 2023 para 652 mil hectares em 2024 (recuo de 41,2%).
Nos demais biomas, também houve redução, na Amazônia (-16,8%), Caatinga (-13,4%), Pantanal (-58,6%) e Pampa (-42,1%). A exceção foi a Mata Atlântica, onde houve aumento de 2% no desmatamento.