Impactos nos preços dos insumos no transporte de mercadorias e até na demanda por commodities, essa é a repercussão esperada para a cadeia produtiva da agropecuária após os sucessivos aumentos nos valores do barril de petróleo no mercado internacional. É o que explica Aline Veloso, coordenadora da gerência técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais.
“É muito importante destacar que, para o setor agropecuário, os combustíveis são insumos, tanto para produção em si, dentro das propriedades – para tocar máquinas, equipamentos, implementos nas propriedades rurais – e isso representa significativa dos custos de produção dos nossos diversos produtos da agropecuária. Além disso, o combustível também é utilizado pra distribuição, transporte, processamento até chegar nas nossas gôndolas dada às cadeias produtivas”.
“Apesar de não está relacionado diretamente transporte, dos produtos da cadeia do agronegócio, como é o caso do diesel, os aumentos na gasolina, especificamente, também podem ter uma relação com a alta dos preços dos alimentos. Isso porque o preço dos combustíveis sobe quando ocorre uma valorização no mercado internacional do petróleo, e o petróleo é uma matéria prima utilizada na produção de ureia, por exemplo, uma das substâncias que são usadas para produção de fertilizantes agrícolas”.
“A alta do petróleo também afeta o preço das commodities agrícolas pela maior demanda por biocombustíveis. Com o aumento do valor cobrado pela os consumidores que procuram então consumir o álcool, o etanol, pressionando a cotação dos produtos utilizados para sua fabricação, como a cana-de-açúcar e o milho”.
Agropecuária impactada, relembre: crise de abastecimento do gás natural aumenta preços de fertilizantes
A GlobalFert (GF), que é o maior provedor de informações estratégicas no mercado brasileiro de fertilizantes, divulgou informações mostrando que a crise de abastecimento do gás natural está aumentando o preços dos fertilizantes nitrogenados.
De acordo com estudos, a alta demanda da Europa e Ásia pelo insumo, fizeram com que o preço dos fertilizantes aumentassem nos Estados Unidos. Causado pelo aumento da procura do Gás Natural Liquefeito (GNL), para redução do uso de carvão como fonte energética.
A GlobalFert explica que o preço do gás natural europeu já vinha sofrendo uma crescente há algum tempo, mas a situação piorou no final de agosto, com um aumentou de 12% do insumo de uma semana para outra.
“Na primeira quinzena de setembro, um incêndio de um estratégico cabo de eletricidade que conecta a Grã-Bretanha e a França agravou a situação de fornecimento. Dali em diante, foram aumentos contínuos, com o pico acontecendo entre a última semana de setembro e a primeira semana de outubro, com alta de 34,7%”, comenta a organização.
Importação dos fertilizantes registram cerca de 1,3 milhão de toneladas
De acordo com GF, em setembro os fertilizantes nitrogenados registraram uma importação de aproximadamente 1,3 milhão de toneladas, no qual 688,6 mil eram de Ureia, 283,4 mil de Nitrato de Amônio e 325,1mil de Sulfato de Amônio.
A quantidade representa 90% do número total de fertilizantes nitrogenados consumidos no Brasil, demonstrando assim sua dependência do mercado externo. “Nesse cenário, um aumento no custo de produção, como é o caso do gás natural, pode ocasionar em preços elevados e impactar os consumidores brasileiros”, afirma a GlobalFert.
Cerca de 43% do insumo da Europa é fornecido pela Rússia. “Aponta-se o gás natural como um combustível ponte para a substituição de carvão e petróleo em uma era de controle ambiental. Atribui-se também como agravante para a situação do gás, a baixa na oferta do setor eólico, com uma temporada de falta de ventos, direcionando maior demanda para o combustível fóssil”, conclui a GF.
*Via Agência Brasil