A baixa oferta de suínos no mercado brasileiro, principalmente em peso ideal para abate, provocou forte alta nos preços do animal vivo e da carcaça especial em fevereiro na maioria das regiões produtoras. Com a desvalorização dos custos de produção, a atividade se tornou mais lucrativa ao produtor em fevereiro, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Segundo o Boletim do Suíno do Cepea, as cotações atingiram a maior média mensal da série histórica, iniciada em março de 2002, considerando os meses de fevereiro de anos anteriores.
De janeiro para fevereiro, o suíno vivo comercializado no mercado independente valorizou 10,7% na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), que é a referência do Cepea, com média de R$ 7,70/kg, recorde para o mês em toda série.
Na região Sul do País, maior região produtora de suínos do Brasil, em Arapoti (PR) e Erechim (RS) foram registradas as maiores médias para fevereiro, com o animal vivo comercializado a R$ 7,61/kg e a R$ 7,17/kg, altas de 11,9% e de 6,8% frente a janeiro.
Agentes do mercado destacaram dificuldades de repassar esses aumentos ao atacado no encerramento de fevereiro. Mesmo assim, o preço da carcaça especial também atingiu recorde da série, fechando o mês com média de R$ 11,24/kg no atacado da Grande São Paulo, alta de 9,4% frente ao mês anterior.
Baixa oferta de suínos: queda na produção
A oferta restrita no mercado brasileiro tem sustentado os preços dos animais e da carne em alta, que está ligada à menor produção de suínos por conta do alto custo dos insumos como milho e farelo de soja. Cenário que impactou no abandono da atividade ou redução de plantéis, por parte de alguns suinocultores.
Na região de Campinas (SP), de acordo com dados do Cepea, ao comparar as médias dos preços entre feveiro de 2019 e fevereiro de 2021, com as médias entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2023, o farelo de soja e o milho registraram altas de 56,3% e de 71%.
O poder de compra do suinocultor caiu expressivamente frente a esses importantes insumos, 33% frente ao milho e 26,6% diante do farelo de soja.
Custos de produção em baixa
A baixa oferta de suínos em peso ideal de abate impulsionou os valores do animal vivo em fevereiro. Mas, no mês de fevereiro o preço dos insumos se desvalorizou para milho e farelo de soja, cenários que elevaram o poder de compra dos suinocultores paulistas.
No mercado de milho, segundo dados da Equipe Grãos/Cepea, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas, SP) fechou o mês de fevereiro com média de R$ 85,71/saca de 60 kg, recuo de 0,5% frente à registrada em janeiro.
Em relação ao farelo de soja, no mercado de lotes da região de Campinas, a cotação do farelo de soja registrou pequena baixa de 0,2% entre janeiro e fevereiro, indo a R$ 2.953,18/tonelada na média do último mês.
Comparando o quilo do suíno vivo vendido na região SP-5 e os insumos negociados no mercado de lotes da região de Campinas, o suinocultor conseguiu comprar 5,39 quilos de milho com a venda de um quilo de suíno em fevereiro, quantidade 11,3% maior que a de janeiro. De farelo de soja, foi possível comprar 2,61 quilos, avanço de 10,9% frente ao mês anterior.