Estudos realizados por cientistas de diferentes centros de pesquisa constataram pela primeira vez a presença de bactéria da leptospirose em golfinhos e lobos-marinhos na costa do país.
A bactéria nomeada como Leptospira sp, já matou mais de 2,8 mil pessoas no Brasil nos últimos dez anos.
Análise das pesquisas que identificaram a bactéria da leptospirose
As pesquisas analisaram o DNA dos rins de mamíferos marinhos que foram encontrados morto. O estudou foi realizado em 142 golfinhos e os cientistas encontraram a bactéria em 21 indivíduos de cinco espécies, sendo a Stenella clymene, Sotalia guianensis, Pontoporia blainvillei, Steno bredanensis e Tursiops truncatus.
Os pesquisadores relataram que a prevalência da bactéria nas espécies costeiras (25%, ou seja, 17 em 68 indivíduos estudados) é maior do que nas oceânicas, sendo aquelas que vivem mais afetadas do litoral (7,5% ou quatro em 53 indivíduos).
Ainda ficou evidenciado que a espécie com mais casos positivos para a bactéria foi o boto-cinza (Sotalia guianensis), onde foi encontrado em vários pontos das costa caribenha e brasileira, como por exemplo a Baía de Guanabara, que fica localizada no Rio de Janeiro, onde o patógeno foi detectado em dez dos 21 indivíduos pesquisados (47,6%).
Fonte da contaminação
Os cientistas ressaltaram que a fonte da contaminação ainda é desconhecida, mas que acreditam que os animais sejam infectados por efluentes contaminados com urina de rato em áreas litorâneas próximas a grandes cidades, áreas portuárias e locais com saneamento básico precário.
Já entre os 47 lobos-marinhos das espécies Arctocephalus australis e A. tropicalis foi encontrada a Leptospira sp em 15 indivíduos. O patógeno foi mais comumente encontrado em indivíduos que habitam áreas com maior população humana.
Conforme os pesquisadores, seria ainda necessário continuar os estudos para entender o impacto da bactéria. Nos Estados Unidos, onde se estuda a relação do patógeno com leões-marinhos há mais de 50 anos, constatou-se que a leptospirose pode causar inflamação aguda nos rins dos animais, levando-os a encalhar com dores, desidratação, magreza e podendo ocasionar mortes.
“Ainda não foram encontradas evidências de lesões renais nos animais estudados [no Brasil], pois é necessário continuar avaliando outros parâmetros para confirmar se há manifestação clínica da doença em animais marinhos no Brasil”, destacou Felipe Torres, pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF).